São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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PMs são indiciados por agredir jovem

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Seis policiais militares acusados de agredir o adolescente M.F.A., 15, e de obrigá-lo a entrar em um tanque contendo soda cáustica, foram indiciados ontem em IPM (inquérito policial militar) feito pela corregedoria da PM, em Recife (PE).
Cinco outros militares acusados do mesmo crime deixaram de ser indiciados porque o IPM não constatou a participação deles na violência praticada contra o adolescente.
O caso ocorreu em 8 de fevereiro passado. O IPM, aberto em abril, será agora encaminhado à Justiça Militar. Um outro inquérito que também apura o caso, na Polícia Civil, ainda não foi concluído.
Desde o início do IPM, em abril, os seis estão afastados das operações de rua e fazendo apenas "trabalhos internos", nos quartéis.
O resultado do IPM divulgado ontem indicia cinco dos acusados (dois tenentes e três soldados) por "lesão corporal grave". A pena prevista é de dois a oito anos de reclusão.
O sexto integrante do grupo, major Benício Caetano da Silva Júnior, foi indiciado por "não ter tomado providências cabíveis no sentido de socorrer de imediato o adolescente".
A pena prevista, no caso, é de até seis meses de detenção.
Segundo o IPM, em vez de encaminhar o rapaz imediatamente para um hospital, o major o levou primeiro para a Delegacia da Criança e do Adolescente, o que expôs o adolescente à ação demorada da soda cáustica.
Danos
M.F.A. teve queimaduras de segundo e terceiro graus nas nádegas, órgãos genitais, cintura e em parte do abdômen. Passou 39 dias hospitalizado e chegou a ser submetido a três cirurgias para enxerto de pele.
O tanque continha três quilos de soda cáustica misturados com água.
O adolescente foi detido pelos PMs no quintal de uma empresa de galvanização de Recife, sob acusação de tentativa de furto.
M.F.A., que não tem antecedentes criminais, disse que entrou na área para colher mangas.
Conforme o IPM, não foi constatada nenhuma "materialidade que viesse a incriminar o adolescente".
Outro lado
Durante a realização do IPM, os seis militares ontem indiciados disseram que não agrediram o adolescente nem o forçaram a entrar no tanque.
Segundo eles, quando chegaram ao local M.F.A. já estava dentro do tanque.
O IPM afirma que M.F.A. estava "sob a proteção do Estado" quando foi "colocado" no tanque.

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