São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Adiada reconstituição sobre sem-teto

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia, o Ministério Público e o IC (Instituto de Criminalística) adiaram para sexta-feira a reconstituição parcial que tentará identificar policiais militares que atiraram durante o conflito com sem-teto na Fazenda da Juta, em São Mateus (zona leste de SP).
A reconstituição foi suspensa porque chovia no local ontem à tarde.
Estavam presentes na Fazenda da Juta o delegado encarregado do caso, Antonio Mestre Júnior, o promotor Francisco José Tadei Cembranelli, três peritos do IC e alguns dos policiais que participaram da tentativa de desocupação.
"Precisamos de condições semelhantes às do dia do enfrentamento", disse a perita Glays Regina de Oliveira. No dia do confronto entre a PM e os sem-teto, 20 de maio último, fazia sol.
Para a nova tentativa de reconstituição, na sexta, o delegado Mestre Júnior marcou com o promotor, os peritos e o advogado dos PMs. Os PMs que estavam na linha de frente do conflito seriam filmados ontem, de acordo com as orientações dos peritos. As imagens da reconstituição serão sobrepostas à imagem realizada no dia do confronto.
A polícia já identificou o PM Rui Pinto da Silva como o autor do disparo que matou o manifestante Jurandir da Silva. O PM portava o revólver Taurus número 263.477 do qual, segundo laudo do IC, foi disparado a bala retirada do corpo do sem-teto morto.
O soldado alega que deu dois tiros para o alto para se defender, após ter caído no chão. Além dele, foram identificados, com base nas imagens do conflito, outros dois policiais militares que teriam baleado dois sem-teto.
"Inicialmente, os PMs atiraram para o cima, como advertência. Se houve tiro contra os sem-teto, foi no momento em que os policiais estavam caindo", disse o advogado dos PMs envolvidos no caso Norberto da Silva Gomes.
O advogado entregou ontem para a perícia o casaco que o cabo Celso Kazuo estaria usando no dia do conflito. O casaco tinha um rasgo, que, segundo Gomes, teria sido provocado por um golpe de um sem-teto com uma barra de ferro.
Ele justificou a entrega do casaco um mês e meio depois do ocorrido dizendo que "não foi possível fazê-lo antes".

Texto Anterior: Final de semana tem menos mortes
Próximo Texto: Postos vacinarão adultos contra sarampo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.