São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Funerária patrocina surpresa da Liga-97

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Em outubro do ano passado, quando foi contratado para o cargo de supervisor do time de futsal do Atlético-MG, o mineiro Atílio Dias teve dificuldades em negociar os jogadores para a equipe, desativada desde 89.
Mesmo com uma boa verba, fornecida pelo novo patrocinador, Dias esbarrava nas negativas dos atletas que convidava.
O problema era exatamente "o" novo patrocinador -a Pax de Minas. Trata-se da maior rede de casas funerárias de Belo Horizonte, há 18 anos no mercado.
"No começo, a citação ao patrocinador atrapalhava muito. Na hora em que dizia que era uma funerária, o atleta se assustava. Nossa intenção era trazer pelo menos um dos pentacampeões mundiais (da seleção brasileira pentacampeã mundial), mas os que contatamos se recusaram", lembra Dias.
Sete meses depois de montado, o Atlético-Pax de Minas é uma das surpresas da Liga Futsal-97, o campeonato brasileiro do esporte.
Ficou em terceiro na fase classificatória, ganhando a vantagem de jogar a segunda partida dos playoffs em casa (veja tabela abaixo). Tem o ataque mais positivo (92 gols) e um dos vice-artilheiros do torneio, o pivô Carioca (27 gols).
Apesar da pouca idade, é o time que mais ameaça a "supremacia gaúcha" no futsal. Dos quatro primeiros colocados na fase classificatória da liga, três (Inter-Ulbra, Carlos Barbosa e Ju-Dal Ponte-Colombo) são do Rio Grande do Sul.
"Apostamos na juventude do time (com média de 22 anos, a menor da liga) e trabalhamos muito", explica o técnico Miltinho.
"Fizemos a coisa profissionalmente, seguindo a linha de conduta do Sul", completa Atílio Dias.
A inusitada parceria tem explicação na paixão do presidente da Pax de Minas, José Roberto Reis de Carvalho, pelo futsal.
O grupo empresarial Pax de Minas, que desde 90 passou a atuar também na área de planos de saúde, adotando o slogan "Sua saúde em primeiro lugar", investe cerca de R$ 70 mil mensais no futsal do Atlético -que só entra com o nome e a tradição.
Carvalho, por sua vez, acumula as atividades empresariais com o cargo de diretor de Esportes Especializados do Atlético-MG.
Ele acha que o seu ramo de atividade não influi na imagem do time. "Não tem nada a ver. Antigamente havia preconceito, hoje isso não existe mais."
Os jogadores do Atlético, hoje acostumados com o patrocinador, nem sempre viram normalidade na convivência.
"No primeiro dia, nos levaram para visitar a empresa. Pensamos que iríamos ao escritório do presidente, mas nos levaram a uma sala cheia de caixões. Todo mundo se assustou", lembra o ala Vinícius.

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