São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Filósofo vai à Itália hoje, para ser preso

Antonio Negri é acusado de 'insurreição'

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O filósofo Antonio Negri, 64, retorna hoje à Itália, seu país natal, onde deve ser preso.
Negri, que vive em Paris há 14 anos, tem contra ele ordem de prisão da Justiça italiana por "insurreição armada".
Ele é acusado, entre outras coisas, de ter sido líder do grupo terrorista de extrema esquerda Brigadas Vermelhas e de ter assassinado, em 1978, Aldo Moro -político democrata-cristão que foi primeiro-ministro.
Negri nega as acusações e diz que foi usado como bode expiatório do governo italiano, que precisava apontar um responsável pela a onda de atentados terroristas que atingiu a Itália no final dos anos 70.
Na época, Negri era professor universitário em Pádua. Ele era titular de uma cadeira de direito político e chegou a ficar preso durante quatro anos e meio.
Deixou a prisão por alguns meses em 1983, quando foi eleito deputado. Mas logo em seguida teve a imunidade parlamentar quebrada e, para não voltar à prisão, foi para Paris.
A rigor, ele era um imigrante ilegal, mas tolerado, em Paris, onde dava aulas.
Negri embarca no vôo da Alitalia que sai de Paris às 10h30 (5h30 no Brasil) e deve chegar a Roma duas horas depois.
Apesar de saber que pode ser preso assim que descer do avião, Negri não mudou de idéia, tomada, segundo ele, há cerca de seis meses.
"É uma questão ética. Quero reavivar a discussão sobre os 'anos de chumbo' e colaborar para liberar as 200 pessoas que ainda estão presas", disse Negri à Folha.
Negri afirma estar preparado para a prisão e diz dispor de vários advogados cuidando de seu caso para que a permanência na prisão seja curta. Ele estima que vai permanecer preso por cerca de dois anos e meio. "Mas pode ser mais, não há como saber."
Ele é autor de pelo menos 20 obras e escreve mensalmente no caderno Mais!.

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