São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Recomendações; Isonomia; Coerência; Aditivo; Além da gafe; Esbanjador; Opção pelos pobres; Negócio da China; Esclarecimento devido

Recomendações
"Hong Kong é devolvido à China, depois de longo domínio estrangeiro. Quem conhece o prontuário do governo chinês em matéria de direitos humanos agora teme por sua vigência.
A Anistia Internacional, banida como 'indesejável' pelas autoridades de Pequim, como noticia a página das liberdades do caderno especial Hong Kong, China, de 26/6, apresentou ao governo da nova Região Administrativa Especial algumas recomendações.
Como a salvaguarda da independência do Judiciário, a preservação do direito de reunião e de associação pacíficas e da prestação de contas pelas forças de segurança, o estabelecimento de uma comissão independente de direitos humanos, a manutenção do 'Bill of Rights' conforme as obrigações internacionais assumidas por Hong Kong e a não reintrodução da pena de morte.
Também esperamos que a imprensa e outros governos, o brasileiro inclusive, participem do esforço de proteção dos direitos humanos na etapa que se inicia."
Carlos A. Idoeta, diretor da Seção Brasileira da Anistia Internacional (São Paulo, SP)

Isonomia
"Se a Constituição Federal diz que 'todos são iguais perante a lei' e se querem processar o ministro dos Transportes por ter comparado os afro-brasileiros à cor do petróleo, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis solicita o apoio de todos os anti-racistas para que, escorados no princípio de isonomia, exijamos que o governo brasileiro recuse a entrada no país de João Paulo 2º, autor desta inaceitável declaração: 'O homossexualismo é intrinsecamente mau'.
Se o papa tivesse dito 'os negros (ou os judeus) são intrinsecamente maus', certamente causaria uma comoção nacional. E discriminar os homossexuais pode?"
Luiz Mott, secretário de Direitos Humanos da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (Salvador, BA)

Coerência
"Mais uma vez leio com estupefação um editorial da Folha com referências desairosas às polícias ('Polícia contra a lei', 26/6).
O articulista fala em desrespeito à lei e aos direitos de cidadania e outras disposições constitucionais. Até aí, nada de mais. Concordamos que esses episódios são danosos à sociedade e devem mesmo ser execrados.
Ocorre, porém, que este mesmo jornal deu amplo apoio ao MST, que também comete atos contra os direitos de cidadania e contra dispositivos constitucionais.
A inviolabilidade do direito à propriedade está garantida na nossa Carta Magna, e os 'sem terra' que o violaram tiveram o aval da Folha. Pelo menos não foi publicado nenhum editorial criticando as ações daquele grupo; muito pelo contrário.
O editorial ainda fala de 'forças armadas', dizendo ser a greve inaceitável para elas. Este mesmo jornal defende a desmilitarização das polícias. Devo entender que aí, sim, as greves seriam aceitáveis?
E o tiroteio? Houve um tiro, que, por desgraça, atingiu um dos manifestantes, mas que não foi disparado por eles!
Convivemos com um sr. Rainha que quer ser, naturalmente, rei, que usa da violência e da ameaça, e é agraciado com loas do jornal.
Tudo que peço não é que se mude a orientação desta Folha, mas que, pelo menos, haja alguma coerência nos argumentos, a fim de não desorientar os pobres leitores!"
Alaor Silva Brandão, coronel PM (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha publicou este ano oito editoriais condenando ações ilegais do MST, tais como invasões de propriedade.

Aditivo
"Um escândalo a mais ou a menos não vai mudar o conceito do Brasil perante as nações.
Assim sendo, por que não se valer do mesmo expediente utilizado para a aprovação da reeleição e acelerar também as demais reformas?"
Arati de Souza (Cuiabá, MT)

Além da gafe
"Acompanho as notícias da descuidada declaração do ministro Eliseu Padilha sobre Pelé e o asfalto, dada durante seminário sobre a utilização da hidrovia do rio Paraná e seus afluentes no comércio do Mercosul.
Participei desse seminário, que se seguiu ao lançamento do primeiro comboio fluvial para grãos.
Em ambos os eventos também esteve o sr. ministro, onde falou bastante bem, sobre temas e compromissos essenciais e motivadores para nosso setor e, a meu ver, para o Brasil.
Suas palavras mais importantes não li no jornal, que, para prejuízo dos leitores, se limitou à gafe infeliz."
Oswaldo R. Rossetto Jr. (São Paulo, SP)

Esbanjador
"O jornalista Elio Gaspari mostra na Folha de 30/6 alguns exemplos da situação falimentar do Estado brasileiro que retém verbas do Pronex/CNPq.
Seria interessante saber como e quando serão beneficiados os cariocas com estudos de meio ambiente que custam R$ 2 milhões."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Opção pelos pobres
"A Folha publicou interessante artigo do teólogo Leonardo Boff sobre a vida de frei Damião e o cristianismo tradicional, correlacionando-os.
O ilustre teólogo mostra-se preocupado com a face do 'anátema', que toma como predominante. É incontestável que sua pregação era centrada na visão teocêntrica, prevalecente na Idade Média.
Prefiro, porém, examinar em frei Damião o que é mais raro na vida religiosa: a ascese cristã plena, o desapego a bens materiais, o testemunho permanente de franciscana pobreza (o que exclui qualquer comparação com o padre Cícero).
Gostaria que o teólogo Boff atentasse para o fato de que frei Damião se antecipou, de muito, à hierarquia, fazendo a opção preferencial pelos pobres."
Fernandes Neto (São Paulo, SP)

Negócio da China
"Recebi em outubro de 96 comunicado da Telesp sobre o plano de expansão. A grosso modo dizia: pague agora e receba o telefone quando nos convier.
Recorri a empréstimo, mas entendi que o negócio era bom, pois esse valor seria revertido em ações e telecomunicações no Brasil só tendem a crescer, consequentemente o valor pago cresceria junto.
Agora vem a Telebrás dizer que vai me devolver o dinheiro com um lucro para ela (Telebrás) de quase 100%, enquanto eu vou ter de amargar o prejuízo dos juros do empréstimo e continuar pagando aluguel de telefone.
Será que a CBF já começa a fazer escola no Brasil?"
Newton Araújo Velloso (Araraquara, SP)

Esclarecimento devido
"A Folha deve a seus leitores o esclarecimento das acusações feitas pela diretoria da Companhia Vale do Rio Doce ao articulista Roberto Campos, no sentido de que o mesmo manipulou dados para justificar sua posição favorável à privatização da empresa."
Sergio Bresciani (Rio de Janeiro, RJ)

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