São Paulo, quarta-feira, 2 de julho de 1997
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Brasil dá exemplo

GILBERTO DIMENSTEIN

Um dos empresários mais controvertidos do mundo ficou este ano ainda mais controvertido porque patrocinou movimento a favor da maconha.
Indicado pela revista "Time" como um dos 25 americanos mais influentes, George Soros não pára de gerar notícias e provocações, atraindo amigos e inimigos -ele colocou um pé no Brasil, ao participar da privatização da Vale do Rio Doce.
Inicialmente virou notícia por seus lances espetaculares no mercado financeiro, atordoando até presidentes. Ao entrar no clube dos bilionários, notabilizou-se por ser o maior filantropo do planeta; tira de seu bolso, por ano, R$ 350 milhões.
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Soros enriqueceu sua imagem polêmica porque este ano escreveu artigo alertando para os perigos que o capitalismo sofre com a ganância dos capitalistas. E, para completar, patrocinou lobby para liberação da maconha, aprovada na Califórnia aos doentes -primeiro passo para a liberação geral.
Seu projeto mais acalentado, agora, é drenar sua fortuna para melhorar as escolas públicas dos bairros deteriorados de cidades como Chicago ou Nova York. Está convencido de que é a idéia mais ousada que poderia desenvolver para livrar uma nação das manchas de marginalidade.
Pouca gente sabe, mas neste particular o Brasil saiu na frente, graças a um empresário já morto: Amador Aguiar, fundador do Bradesco.
Com toda sua imagem "brega", o banco patrocina hoje o mais importante projeto social brasileiro, sustentado com dinheiro privado. Gasta anualmente R$ 80 milhões, quantia razoável até para os padrões americanos.
Ousado porque, neste final do século, todos sabem que nada é mais importante do que investir em ensino básico público para viabilizar a agenda do futuro. E, no Brasil, tentamos correr atrás do prejuízo.
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Desde 1956, eles constróem e mantêm escolas nas periferias das cidades, criando centros de excelência de educação pública.
São hoje 90 mil alunos, distribuídos em 36 escolas, com sofisticados laboratórios. O salário médio do professor é de R$ 1.300, com direito a assistência médica, odontológica, vale-refeição, ajuda de aposentadoria e empréstimos para emergências.
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PS - Escrevo essa coluna porque passei dois dias dando aulas nas escolas da Fundação sobre as exigências ao trabalhador do futuro, a partir da minha experiência em Nova York. Reforcei meu otimismo sobre o Brasil: testemunhei um preparo difícil de se encontrado até em escolas privadas de elite. Em raras escolas conseguiríamos criar uma homepage durante a aula.

Fax: (001-212) 873-1045
E-mail gdimen@aol.com

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