São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Projeto para acelerar estudos de crianças é lançado em BH

Atraso causado pela repetência é compensado

FERNANDO ROSSETTI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Um novo projeto de aceleração de aprendizagem -que tenta reduzir as altas taxas de distorção idade/série no ensino público- foi lançado ontem em Belo Horizonte (MG) pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) e pela Petrobras.
Com cerca de R$ 1,1 milhão de investimento, este ano, o projeto-piloto atinge 3.500 crianças em 15 municípios, no Acre, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul e Tocantins.
A aceleração de aprendizagem é uma idéia que surgiu há pouco mais de três anos e que está se espalhando por todo o país. Parte da constatação de que a reprovação de alunos, além de provocar um enorme abalo na auto-estima dos alunos, leva ao desperdício de recursos da educação.
Segundo Antonio Carlos Gomes da Costa, educador e consultor do programa "Acelera Brasil", o país gasta cerca de R$ 2,5 bilhões ao ano com a repetência.
Na média brasileira, leva-se 11,2 anos para concluir os 8 anos do 1º grau. Apenas 40% dos alunos conseguem terminar o 1º grau sem repetir uma série.
Com materiais didáticos específicos e professores especialmente treinados para essas classes -que têm no máximo 25 alunos-, consegue-se fazer com que crianças que já repetiram mais de dois anos avancem três séries em menos da metade do tempo habitual.
Evasão
O trabalho reverte a tendência que esses alunos têm de abandonar os estudos. Além disso, a classe de aceleração acaba "contaminando" o resto da escola com uma nova cultura educacional. O projeto atende crianças estão entre a 1ª a 4ª série e as coloca na 5ª série.
"As crianças saem dessa experiência com a sensação de que dá para enfrentar os problemas da vida", afirmou Viviane Senna, presidente do IAS. Segundo ela, "o projeto é muito mais que uma proposta pedagógica. É uma ação de caráter ético e político".
Projeto no mesmo sentido está sendo desenvolvido desde o ano passado na rede estadual de São Paulo, que já tem 800 escolas envolvidas, atendendo 42 mil alunos.
Mais do que dar os conteúdos, a idéia é devolver aos alunos a auto-estima e recriar o gosto pelo estudo. "No Maranhão, os testes têm mostrado que, após passarem pela aceleração, esses alunos ficam da média para cima na turma", diz Nilcéa Lopes dos Santos, do Centro de Ensino Tecnológico de Brasília, que forma os professores.
A avaliação tanto dos conteúdos como da auto-estima nos alunos e de repercussões na comunidade escolar será feita pela Fundação Carlos Chagas.
A material didático para o programa foi desenvolvido pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais. No lugar de dividir as disciplinas, integra os conteúdos em torno de projetos desenvolvidos pelos alunos.

O jornalista Fernando Rossetti viajou a Belo Horizonte a convite do Instituto Ayrton Senna e da Petrobras

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