São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Governo de MG quer evitar punição generalizada a PMs

Promotora avalia que 1.300 policiais podem ser indiciados

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A assessoria do governador Eduardo Azeredo informou ontem que o governo mineiro "orientou" os comandantes dos batalhões da PM em Belo Horizonte para que não promovam "retaliação genérica" na apuração dos responsáveis pela rebelião na PM mineira ocorrida no mês passado.
A manifestação do governo mineiro foi feita em função das declarações da promotora da Justiça Militar Maria Solange Ferreira de Morais, que prevê que pelo menos 1.300 PMs podem ser indiciados.
Foram instaurados 17 IPMs (Inquérito Policial Militar), que estão sendo presididos pelos comandantes dos batalhões.
O assessor de Azeredo, Francisco Brant, informou que não há nenhuma conclusão sobre os inquéritos e que qualquer declaração sobre punições é precipitação.
Segundo ele, a orientação de Azeredo é para que se apurem os fatos, procurando os responsáveis, de fato, pelos acontecimentos durante a greve dos PMs.
A promotora prevê que, sendo os PMs enquadrados em crime militar, certamente eles terão que responder pelos eventuais crimes apontados (motim, revolta, aliciação e incitamento à desobediência e desordem), podendo ser condenados a penas de reclusão que variam de 2 a 20 anos, além de terem os salários cortados.
Ela prevê também problemas para a segurança pública caso 1.300 PMs sejam presos, além de falta de espaço nas cadeias dos quartéis para manter tantos policiais.
Laudo
O laudo sobre a trajetória da bala que matou o cabo PM Valério dos Santos Oliveira no último dia 24 deve ser divulgado amanhã pelo perito da Unicamp Badan Palhares. Ele tenta identificar de onde partiu o tiro e quem atirou contra o cabo que participava da rebelião da PM, embora no momento do tiroteio ele estivesse tentando impedir que os seus colegas rebelados invadissem o prédio do comando da PM.
O comando da PM mineira prendeu o soldado Wedson Gomes Campos com base nas imagens das emissoras de televisão. Também manifestante, Campos é o principal acusado. Ele nega ter atirado contra o cabo. Segundo seu advogado, Obregon Gonçalves, Campos teria atirado para cima porque teria visto "alguém" apontado um revólver em sua direção.
Também faz análises técnicas o Departamento de Criminalística da Polícia Civil de Minas. Os resultados dessas análises devem demorar de duas a três semanas para ser apresentados.

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