São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Bordão de campanha aumenta popularidade de governador

Frase usada é "primeira a gente faz, depois a gente fala"

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Um bordão -"Primeiro a gente faz, depois a gente fala"- e uma campanha publicitária de 20 dias tiraram a popularidade do governador do Rio, Marcello Alencar, do fundo do poço, e na prática o firmaram como candidato à reeleição no ano que vem.
A mudança de imagem, operada pela Duda Mendonça Marketing Político, foi feita por anúncios em que Alencar, geralmente taciturno, falava descontraído e sorridente, no rádio e na televisão, de suas obras e iniciativas.
Pesquisa Datafolha feita entre 18 e 20 de junho mostrou que o número de eleitores que consideram o governo Alencar ótimo ou bom subiu de 24% para 30%. A mesma sondagem constatou que o número de pessoas que o acham ruim ou péssimo caiu de 28% para 21%. Pesquisas de outros institutos confirmam a tendência.
Mas, para um dos sócios da Duda Mendonça Marketing Político, Armando Corrêa Ribeiro, 53, a virada de imagem não foi um milagre e tem motivo simples.
"O governo Marcello Alencar é cheio de obras em todos os setores", disse ele à Folha.
Segundo Ribeiro, Alencar simplesmente não divulgava o seu governo e enfrentava uma oposição agressiva, que convencera o eleitorado de que o governador não fazia nada.
Para começar, afirmou ele, durante 20 dias foram feitas pelo menos uma pesquisa quantitativa em todo o Estado, 16 pesquisas qualitativas e 20 entrevistas em profundidade, para saber o que o eleitorado pensava de Alencar. O resultado foi a base da campanha.
"Descobrimos que o governador tinha uma imagem ruim por omissão", disse ele. "Ou seja, as pessoas achavam que ele não fazia nada, mas não achavam que fosse ruim ou desonesto."
Ainda nessa primeira fase, a equipe de Duda Mendonça visitou obras do governo no Estado, para colher informações que pudessem usar nos comerciais, usando até um helicóptero para se deslocar.
O bordão foi criado, de acordo com Armando, pelo próprio Duda Mendonça, e surgiu da necessidade de explicar ao eleitor a ausência das realizações de Alencar da mídia. Nos anúncios, o governador repisava que "seu estilo" era aquele: discreto, avesso à badalação dos meios de comunicação, e que, por isso, estava "sumido".
Finalmente, foram produzidos seis anúncios, de um minuto cada, que foram veiculados quatro vezes por dia, entre 1º e 20 de junho.
"Essa é uma dose alta", disse Ribeiro. Os anúncios foram exibidos nos horários gratuitos do PSDB, partido de Alencar, e do PSD. "Nenhum produto usaria, no Brasil, uma mídia tão maciça."
O próprio governador, que geralmente critica seu adversário Cesar Maia (PFL) por recorrer a recursos publicitários, rendeu-se aos bons resultados.
"Sempre resisti muito ao marketing na política, mas devo admitir que é uma estratégia que funciona nos dias de hoje", afirmou. "O aumento dos índices tem, entre outras tantas razões, as mensagens no horário eleitoral."
Duda Mendonça fez a campanha vitoriosa de Celso Pitta (PPB) em 1996 em São Paulo.

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