São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tailândia não afeta mercados no Brasil

LUIZ ANTONIO CINTRA
SÉRGIO LÍRIO

LUIZ ANTONIO CINTRA; SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Banqueiros dizem que efeito é isolado; Bovespa fecha em alta, como Nova York, e juros e câmbio ficam estáveis

O mercado financeiro preferiu continuar seguindo o otimismo de Nova York, que bateu novo recorde de alta ontem, a se preocupar com a possibilidade de a crise tailandesa trazer problemas ao Brasil.
A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o dia com pequena alta (+0,19%), também com novo recorde histórico, enquanto juros e dólar oscilavam pouco nos mercados futuros, que servem de termômetro das expectativas dos principais agentes financeiros.
A reação dos investidores nacionais, segundo economistas e empresários ouvidos pela Folha, é que a crise da Tailândia é um caso isolado, distante e já esperado devido à precariedade dos seus indicadores, especialmente pela grandeza do seu déficit em conta corrente, em cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto).
É essa avaliação do presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, para quem não há o menor risco de a economia brasileira ser "contaminada" pela crise na Tailândia.
"Não há risco de contaminação, mesmo porque governo e empresários estão conscientes de que devem procurar maior consistência (nos indicadores nacionais)."
Para ele, o governo certamente vai entrar em ação para evitar uma deterioração ainda maior das contas externas do país, que hoje operam com déficit de 4% do PIB.
Paulo César Ximenes, presidente do Banco do Brasil, faz análise semelhante, destacando que a crise no país asiático já era esperada.
"A situação das contas externas da Tailândia é um rastilho de pólvora que todo mundo já estava vendo há muito tempo", avalia.
Odair Abate, economista do Lloyds, acredita que as medidas na Tailândia devem aumentar as expectativas no Brasil em relação aos resultados da balança comercial.
Apesar de considerar que o país está longe de enfrentar os problemas da Tailândia, ele acha que o governo deve deixar claro que alterar o câmbio não está nos planos.
"O governo deve mostrar para o mercado que está trabalhando para reduzir o custo Brasil", afirmou.
O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, avalia que a crise da Tailândia pode reduzir a participação dos países do Extremo Oriente no conjunto das exportações do país.
Para ele, estava previsto que este ano a participação daquela região no total das vendas externas brasileiras cairia de 17% para 14%, uma perda de cerca de US$ 1,5 bilhão.

Colaborou a Sucursal do Rio

Texto Anterior: Usiminas e Cosipa podem fazer reajuste
Próximo Texto: Mendonça de Barros diz que Brasil não será contaminado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.