São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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'No más', de novo

EDUARDO OHATA

Por que Mike Tyson mordeu as orelhas de Evander Holyfield? Do ponto de vista deste córner, o vexame de sábado foi um replay piorado de um dos momentos mais controversos da história do pugilismo.
Em 1980, na revanche com Sugar Ray Leonard, Roberto "Manos de Piedra" Durán estava irritado com o fato de estar sendo dominado pela técnica do adversário. No oitavo assalto, Durán chamou o árbitro e desistiu de lutar, dizendo simplesmente "no más, no más".
A inusitada atitude de Tyson na revanche com Holyfield -morder as orelhas do rival- pode ser interpretada como uma nova versão de "no más".
Frustrado pela incapacidade de superar o adversário, e talvez antecipando nova derrota, Tyson encontrou uma maneira de paralisar o combate sem, no entanto, sofrer uma humilhação como na primeira luta.
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Don King deve assumir parte da culpa por esse novo revés na carreira de Tyson.
Quando um lutador sofre uma derrota, é normal ele participar daquilo que os norte-americanos chamam de "tune-up", luta de preparação (ou recuperação) contra um adversário inferior. A idéia seria o pugilista vencer esse oponente de maneira espetacular e recuperar a autoconfiança.
No caso de "Iron" Mike, surrado no primeiro combate de maneira incontestável, uma "tune-up" só poderia trazer benefícios.
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Para Tyson, restam agora duas opções.
Uma delas seria enfrentar Andrew Golota, desclassificado em duas lutas com o ex-campeão Riddick Bowe por desferir golpes baixos. Tal confronto valeria pelo título de "lutador mais sujo entre os pesados".
A outra seria inscrever-se em alguma das organizações de "telecatch" que existem nos Estados Unidos. Ele assumiria o papel de lutador "malvado".

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