São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Maestro reclama falta de apoio privado

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O fundador do Festival de Música de Londrina, há 17 anos, e diretor artístico do evento pela segunda vez consecutiva, maestro Norton Morozowicz, 50, reclama do pouco espaço "para a música de boa qualidade" na mídia.
Ele também protesta contra o que considera a falta de apoio da iniciativa privada para os festivais.
Segundo Morozowicz, o custo de um festival como o que acontece na cidade de Londrina é baixo.
O evento reúne um público de mais de 45 mil pessoas, tem "ótimo retorno de mídia" e movimenta mais de mil pessoas.
Isso considerando pessoal de apoio, estudantes e professores que participam da organização do festival. "Mesmo assim, tem de ser bancado por instituições públicas", reclama.
Orçado em R$ 500 mil, o Festival de Londrina é mantido pelas secretarias da cultura do Estado do Paraná e da cidade de Londrina e pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).
A seguir, os principais trechos de sua entrevista concedida à Agência Folha.
*
Agência Folha - Quais as principais características do Festival de Londrina?
Norotn Morozowicz - A nossa principal característica, talvez a mais importante, é o caráter didático-pedagógico.
Aqui o grande mestre vem e se apresenta, mas também vai para as oficinas compartilhar seu conhecimento.
Agência Folha - O enfoque do que é apresentado durante esse festival de música é para o clássico mais recente, do nosso século. Existe uma razão para que isso aconteça?
Morozowicz - Em primeiro lugar, devemos acabar com essa dicotomia entre clássico e popular.
O correto seria música de qualidade e música má. As coisas andam tão comerciais no Brasil que o Tom Jobim já pode ser considerado um clássico, não só por sê-lo, mas também no sentido de que não é tocado.
O jazz, maior manifestação musical deste século, é boa música, tem de ser estudada e tocada, assim como o choro.
Agência Folha - Neste ano, por sinal, o choro tem destaque no festival.
Morozowicz - Sim. Estamos trazendo para Londrina o Joel Nascimento, que é o sucessor do Jacó do Bandolin, e os irmãos Cazes (Beto e Henrique) para tocar e ensinar choro.
Agência Folha - Há também muita "choradeira" pela falta de apoio da iniciativa privada ao festival, não?
Morozowicz - Não é choradeira. É uma constatação. Depois do Plano Collor, o apoio da iniciativa privada sumiu.
Nestes anos todos tivemos apenas um grupo nos auxiliando financeiramente (o grupo Jabur, de Londrina).
E o retorno de mídia é espetacular. Serão mais de 45 mil pessoas assistindo ao festival, não dá para entender essa falta de sensibilidade para a boa música.

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