São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Mr. Magoo causa protesto entre cegos

Disney produz filme com personagem

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A Federação Nacional dos Cegos dos EUA deu ultimato à Disney: ou ela suspende a produção do filme "Mr. Magoo", com estréia prevista para dezembro próximo ou sofrerá as consequências da hostilidade de seus 50 mil sócios.
Mr. Magoo é um velhinho simpático e quase cego, personagem de uma série de desenhos animados que fez sucesso na TV nas décadas de 50 e 60. A Disney comprou os direitos de Magoo em 1995 e está fazendo o filme, com o ator Leslie Nielsen ("Corra Que a Polícia Vem Aí") no papel principal.
"A Disney arrancou Mr. Magoo de sua merecida obscuridade na esperança de que os norte-americanos achem que é engraçado olhar um cego mal-humorado e incompetente trombar em coisas e se atrapalhar na rua", diz o presidente da Federação, Marc Maurer.
Em resposta oficial, a Disney argumenta que Magoo é "um cavalheiro bondoso" e que o filme "nada fará que ridicularize ou deprecie as pessoas cegas".
Maurer diz que Magoo é um "insulto" aos deficientes visuais, que provocou dolorosas experiências em muitas crianças cegas no mundo. O personagem apareceu pela primeira vez, ainda anônimo, em um desenho animado em 1949. Foi criado por três artistas que haviam deixado a Disney para formar seu próprio estúdio, a UPA. Nos anos 50, ganhou vida própria e prestígio. A UPA fez com ele 39 curta-metragens de cinema, 130 episódios da série de TV e três longa-metragens (dois para a TV).
A Disney já enfrenta problemas com a Igreja Batista do Sul dos EUA, que ordenou em junho a seus 15 milhões de fiéis que boicotem seus produtos em protesto contra o que ela considera uma atitude "antifamília" da empresa.
Apesar de não ter sido desde 1965 o objeto de novas produções, Magoo continua popular, inclusive entre alguns cegos. Na Internet, por exemplo, há um "site" com seu nome que dá informações para cegos, inclusive o endereço da Federação que tenta bani-lo das telas.

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