São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Risco se impõe na Jornada Sesc

NELSON DE SÁ

A Jornada Sesc, quaisquer que sejam os defeitos, ergueu-se à posição de referência maior -ou uma das referências maiores- do teatro de risco nestes anos 90, em São Paulo. Nem teatro de vanguarda nem amador, mas de risco, ao abrir caminho para montagens novas que pouca ou nenhuma chance teriam de chegar ao palco, fora dela.
Um defeito da Jornada, aliás, é não deixar tal opção evidenciada, servindo muitas vezes a espetáculos que já estão garantidos no palco, com companhias estabelecidas, quando não abertamente conservadoras. Mas foi a Jornada, é inegável, que permitiu ganharem vôo grupos como os Parlapatões, do ator/autor/diretor Hugo Possolo, e o Desembestai, do ator/autor/diretor Dionísio Neto. Boa parte da nova dramaturgia -nova ou contemporânea na temática, farta e diversificada na forma- encontrou apoio na mostra, nas edições anteriores dedicadas aos "textos curtos" e, mais recentemente, ao "texto inédito e a busca da nova dramaturgia brasileira". Indiretamente, também foi de especial relevância, até pelo aprendizado dramatúrgico, a edição com montagens shakespearianas.
Este ano, com tema e forma livres, sobressaem as montagens de artistas já estabelecidos -como Paulo Autran em versão de "Antígona", de Sófocles, ou o diretor Luiz Arthur Nunes com "A Comédia dos Amantes ou Os Amantes da Comédia", protagonizada por José de Abreu. Quanto ao risco, ele segue presente. Merecem atenção, em especial: "Labirinto", uma primeira peça a entrar pelo universo de Artur Bispo do Rosário, com texto e direção de Márcia Bozon; "Desembestai", de Dionísio Neto e a coreografia de Eugenio Lima; e "Cárcere Privado", uma autodescrita "peça violenta".

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