São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997![]() |
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Não temos só futebol na Argentina, diz Bocca
ANA FRANCISCA PONZIO
"Quando formei o Ballet Argentino, que reúne jovens bailarinos, queria mostrar que não fazemos só futebol em meu país", diz Bocca, que hoje divide seu tempo entre Buenos Aires e Nova York, onde é primeiro bailarino do American Ballet Theater, uma das principais companhias norte-americanas. Nos primeiros seis anos do Ballet Argentino, fundado em 1990, era o próprio Bocca que garantia o salário dos bailarinos. "Neste ano, o elenco passou a ser pago pela Secretaria da Cultura da Nação Argentina. Porém continua saindo do meu bolso os gastos relativos a viagens, hotéis, produções, teatros etc. Para mim, é gratificante dar oportunidade e apostar nos mais jovens", ele salienta. Aos 30 anos, completados no último dia 6 de março, Bocca diz que já realizou todos os seus sonhos. "Agora tenho metas. Uma delas é atuar em cinema. Estou estudando interpretação teatral e em julho começo a rodar um filme sobre tango com o cineasta espanhol Carlos Saura." Outro plano é dançar uma coreografia de Rodrigo Pederneiras, do grupo Corpo. "Já dancei todo o repertório clássico. Não tenho mais ambições de interpretar obras de coreógrafos específicos. No entanto, me parece que há um certo frescor nos balés do Corpo, e eu gostaria de absorver o tipo de linguagem que essa companhia brasileira desenvolve." Depois de saborear uma carreira meteórica, cujo marco inicial foi a conquista da medalha de ouro da Competição Internacional de Balé de Moscou, em 1985, Bocca afirma que, hoje, quer desfrutar tudo o que a vida lhe deu. "O que me interessa é dançar. Não lamento viver em uma época que extinguiu os mitos do balé. Hoje tudo é mais casual e o mito não faz mais sentido", comenta o bailarino. Apesar de sua ligação com o Brasil, onde já se apresentava aos 16 anos de idade, nos principais papéis de produções do Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Bocca é atração quase inédita em São Paulo. Programa variado Infelizmente, nesta temporada Bocca estará se apresentando no limitado palco do Olympia, que em 1993 transformou em vexame a temporada de Mikhail Baryshnikov (como Bocca, também utilizado como chamariz de altos faturamentos). Além de trechos de obras populares do balé, como "Don Quixote", Bocca e os 16 bailarinos do Ballet Argentino dançarão "Sinfonia Entrelaçada", de Mauro Bigonzetti; "Tango", de Oscar Araiz; "Pulsaciones", de Vittorio Biagi; "Concertango", de Ana Maria Stekelman, e "Angel Eterno", de Ricky Pashkus. "É um programa variado, que mistura clássico, moderno, tango", justifica Bocca, que chegou a ser comparado a Baryshnikov no início da carreira. "Na Argentina, é comum surgir grandes bailarinos. Tivemos Jorge Donn, por exemplo, que brilhou no elenco de Maurice Béjart", afirma Bocca. "Acho que a formação de bons bailarinos em meu país deve-se à tradição e à história do Teatro Colón, que implantou uma escola e que já recebeu todos os grandes bailarinos, coreógrafos, companhias e maestros do mundo." Espetáculo: Julio Bocca e Ballet Argentino Quando: segunda, terça e quarta-feira, às 21h Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517; tel. 011/252-6255) Quanto: R$ 80 (camarote e setor vip); R$ 60 (setor A); R$ 40 (setor C); R$ 30 (setor B) Texto Anterior: Trio para vozes e silêncio Próximo Texto: Bailarino veio ao Brasil aos 16 Índice |
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