São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Grupo troca Freud por Hegel, Kant e Platão
CLÁUDIA COLLUCCI; RICARDO FELTRIN
Em vez de usar o método freudiano de análise do ego, ou o junguiano -que define o "tipo psicológico" do paciente-, o filósofo clínico estuda "a estrutura do pensamento" de seu cliente. Eles usam na prática os métodos e sistemas desenvolvidos por filósofos como Kant, Espinoza, Platão, Sócrates, Hegel e Wittgenstein, entre outros. Uma terapia na filosofia clínica dura, em média, seis meses. As sessões são de 50 minutos. Não há ainda uma tabela de preços definida, mas a maioria das clínicas cobra de R$ 30 a R$ 100 por sessão. Segundo Deusdeth Estanislau de Oliveira, 38, que fez o curso de especialização, os filósofos clínicos estudam montar cooperativas para baratear os custos das sessões. Ele afirma que o ambiente das sessões deve ser o mais simples possível. "A pessoa senta na cadeira, no chão, onde quiser. O importante é deixá-la à vontade." Aristóteles X Freud "O pai da psicologia é Aristóteles. Nós, filósofos, só estamos voltando a um espaço que foi nosso no passado", diz o "pai" da filosofia clínica brasileira, Lucio Packter. Ele diz ser "compreensível" a oposição de psicólogos e filósofos, que classificam o movimento de "absurdo" e "sem propósito". "Os psicoterapeutas e psiquiatras são 'filhos' da filosofia. O que eles fazem hoje é o mesmo que filósofos faziam 2.500 anos atrás: ajudar as pessoas a resolver suas crises interiores, existenciais." Três anos depois de criado o primeiro curso de especialização, a filosofia clínica vive um "boom" na abertura de consultórios pelo país: quatro clínicas filosóficas já estão funcionando no Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul e Passo Fundo). Em São Paulo, a primeira clínica está sendo aberta em Ribeirão Preto. Duas outras devem abrir na capital até dezembro. Pacientes terminais Em Viamão (a 24 km de Porto Alegre), a professora Cleuza Maria Bittencourt de Aguiar, 60, formada em filosofia clínica, decidiu usar a nova profissão para atender -gratuitamente- pacientes em estado terminal e seus familiares. "A morte nos deixa impotentes, sem saída. Por isso, decidi fazer algo com pessoas que estão próximas desse ponto final." (CLÁUDIA COLLUCCI e RICARDO FELTRIN) Texto Anterior: Filósofo vira clínico e põe paciente no divã Próximo Texto: Clientes aprovam 'tratamento' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |