São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bahia vira 'laboratório'

DA REPORTAGEM LOCAL

Salvador é candidata a laboratório de hipertensão. Segundo Lucélia Magalhães, vice-presidente da Liga Baiana de Hipertensão, não existem estudos que comprovem a maior prevalência de hipertensão entre a população da cidade.
"A probabilidade de o quadro apontado por outros estudos serem válidos em Salvador é enorme", diz ela. Segundo Lucélia, a ingestão de sal é a maior do Brasil. Enquanto o consumo é de 10 g diárias, em média no país, na Bahia, são 15 g.
"Além da predisposição genética da população baiana, majoritariamente negra, os hábitos de vida e alimentares são propícios para que a doença apareça. Os baianos comem muito sal, ingerem álcool e são sedentários."
O norte-americano Keith Ferdinand concorda. "Salvador tem negros e muitos mestiços, o que nos ajudaria a avaliar a genética e miscigenação. O fator ambiental também pode ser estudado no local. Além disso, vi muito negros discriminados, o que caracteriza uma situação estresse, que também pode causar hipertensão."
O cardiologista Kenneth Cooper, inventor do método cooper, discorda da hipótese genética e afirma querer estudar o caso Bahia.
"É preciso ter cuidado. Esse tipo de pesquisa, enquanto não apresentar resultados concretos, pode colaborar apenas para aumentar o preconceito e o racismo que já existem", disse ele.

Texto Anterior: Hipertensão é maior entre negros
Próximo Texto: Entenda a hipertensão; Saiba o que significa a medida de pressão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.