São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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'O Vaqueiro e o Bicho Frouxo' empolga as crianças

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

Hoje é o último dia para assistir a "O Vaqueiro e o Bicho Frouxo", no teatro Cacilda Becker. A peça consegue reunir folclore e ação dramática e por isso mesmo empolga a platéia infantil.
Escrito por Beto Andretta e Beto Lima e dirigido por Naum Alves de Souza, o espetáculo é montado pelo grupo Pia Fraus, que também atua no palco.
O enredo costura mitos e personagens populares. A paixão do Vaqueiro por Rosinha e uma certa rivalidade entre o Vaqueiro e um dono de terreiro, pelo amor da moça, servem de pano de fundo para outros acontecimentos no teatro, esses sim, em primeiro plano, que privilegiam a brincadeira. As lutas, por exemplo, são todas danças que ressaltam a linguagem do faz-de-conta.
Destaca-se a apresentação de personagens pouco comuns no repertório infantil, como os orixás (deuses) do candomblé, o monstro Papa-Figo, que é ao mesmo tempo bom e mau -não tem o maniqueísmo habitual dos enredos para crianças-, uma velha bruxa com igual característica, a Miquelina do Jequitinhonha, além de Janaína Mãe D'Água.
Autonomia
Apesar de eles serem partes da história, há uma autonomia cênica ao apresentá-los. O demônio Bicho Frouxo, por exemplo, também apaixonado por Rosinha, movimenta-se e provoca impacto mais pela coreografia e pelo figurino do que pelos diálogos propriamente. Beto Lima destaca-se como ator-dançarino, com a virtude de unir recursos gestuais comuns a um certo ineditismo dos personagens.
Todo o design do espetáculo é bem diferente da média comum apresentada no teatro para crianças. O cenário (Pia Fraus Teatro) é simples, são três igrejas brancas, típicas das cidades do interior do Brasil, no alto de um palco que é preenchido pelo contraste das texturas e materiais dos tecidos usados nos figurinos, o volume dos bonecos, a movimentação cênica.
O visual do figurino (Beto Lima e Sayonara Lopes) não é surrealista ou pop, como o do XPTO, mas dialoga com o experimentalismo de vanguarda pelo inusitado das combinações.
A iluminação (Marcos Carrera) dá um exemplo de como poderia ser aproveitada no teatro para crianças, ao formar, por exemplo, um rio de luz, perfeitamente decodificável.
Assim, com soluções simples, o Pia Fraus montou um grande espetáculo.

Peça: O Vaqueiro e o Bicho Frouxo
Direção: Naum Alves de Souza
Com: Beto Andretta, Beto Lima e Domingos Montagner
Onde: Teatro Cacilda Becker (rua Tito, 295, tel. 864-4513)
Quando: hoje, às 16h Quanto: R$ 6,00

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