São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Teixeira negou ter intercedido por Cpem

Partido deve instalar comissão de ética

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu depoimento à comissão de sindicância do PT que investiga denúncias de irregularidades envolvendo o partido e a Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios), o advogado Roberto Teixeira negou que tivesse feito intermediação entre a empresa e prefeituras petistas.
Em entrevista à Folha no dia 1º de junho, Teixeira admite ter conversado com Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto.
"O meu irmão me procurou dizendo que poderia aumentar a arrecadação. Na época, as prefeituras reclamavam da falta de recursos. Eu disse ao Lula: 'Meu irmão, que advoga para uma firma (a Cpem), está propondo um trabalho...'. O Lula disse: 'Ele que encaminhe para todas as prefeituras'."
Segundo a Folha apurou, a tentativa de negar o que já havia dito em entrevistas gravadas complica a situação de Teixeira, já avaliada como "péssima" por membros da comissão.
O advogado, que é compadre de Lula e dono da casa onde mora o líder petista, é acusado de ter beneficiado a Cpem por meio de contratos sem licitação com prefeituras do partido.
O relatório final do grupo de petistas que apura as denúncias deverá recomendar a instalação de uma comissão de ética para o advogado, que é filiado ao partido.
O autor das acusações, o economista Paulo de Tarso Venceslau, também deverá ser objeto de análise de uma comissão de ética.
Ao contrário de suas declarações à imprensa -quando afirmou que Lula era conivente com o esquema de corrupção- Venceslau afirmou, em seu depoimento à comissão, que o líder "não teria nada a ver" com o episódio.
Os petistas que realizam a sindicância suspeitam de que, envolvendo Lula, o objetivo de Venceslau era aumentar a repercussão do caso. Na avaliação da comissão, ele deve ser punido por ter levado "pessoas ao pelourinho".
Procurados pela Folha, Teixeira e Venceslau não foram localizados.

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