São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI critica termos da defesa de Maluf

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senadores da CPI dos Precatórios reagiram com pesadas críticas à defesa apresentada pelo ex-prefeito Paulo Maluf sobre irregularidades que teria praticado na emissão e negociação de títulos públicos na sua gestão.
O relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), disse que a defesa de Maluf é uma "demonstração de cinismo" por alegar que não poderia ser investigado porque a emissão de títulos da Prefeitura de São Paulo se deu em 1994.
"Maluf não rebate as irregularidades descobertas, mas apenas alega a prescrição do crime", ironizou Requião. Segundo Requião, Maluf foi "à sorrelfa (sorrateiramente)" ao Senado, na sexta-feira à tarde, para entregar sua defesa.
Sobre a viagem de Maluf ao exterior enquanto a CPI estuda a possibilidade de sua convocação, Requião disse: "Maluf não viajou, escafedeu-se. Fugiu da CPI".
O senador Esperidião Amin (PPB-SC), integrante do mesmo partido de Maluf, também criticou a atitude do ex-prefeito. Amin acha que Maluf não deveria ter buscado o confronto com a CPI.
Segundo Amin, Maluf errou ao anexar à sua defesa parecer em que o jurista Saulo Ramos argumenta que a CPI não poderia investigar emissão de títulos feita pela Prefeitura de São Paulo em 1994. "O parecer do Saulo Ramos é um desastre", disse Amin.
Vectra de Pitta
A CPI investiga um cheque que pode ter sido usado na compra de um carro Vectra, em 31 de maio de 1996, para Nicéa Pitta, mulher do prefeito Celso Pitta.
A partir de declarações do prefeito e de sua mulher, de que o carro havia sido pago em dinheiro na Autoglobal Automóveis, a Receita Federal pediu a nota fiscal de venda à concessionária.
A Receita descobriu que no dia da compra do carro houve depósito de cheque de R$ 30 mil, valor do veículo, na conta da Autoglobal. O cheque era da Comercial Distribuidora Photografe Ltda.
Em documento confidencial, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, pediu à CPI cópia do cheque da Photografe.
O documento indicava que o cheque havia sido depositado no Bradesco, na conta da Autoglobal (69.361-8, agência 106-6). De posse desses dados, a CPI pediu ao BC o rastreamento do cheque. O Bradesco mandou ao BC a cópia do cheque e o comprovante de depósito na conta da Autoglobal.
As cópias do cheque da Photografe e do depósito na Autoglobal foram enviadas pelo Bradesco ao BC no dia 27 de junho. No dia 1º de julho, o BC repassou os documentos à CPI dos Precatórios.

Texto Anterior: Assembléia de AL debate impeachment de Suruagy
Próximo Texto: Pitta pagou carro da mulher com cheque
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.