São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997 |
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40% morrem na fila de espera
LUCIA MARTINS
"Essa taxa de mortalidade é muito difícil de mudar. Talvez a lista única ajude", diz Silvano Raia, responsável pelo setor de Transplantes de fígado do HC. Raia foi um dos defensores da lista única de transplante, que começou a vigorar anteontem em São Paulo. O Cadastro Técnico Único modificou a forma de distribuição de órgãos: em vez de seguir o rodízio dos hospitais responsáveis pelo recolhimento (que ficavam com os órgãos), agora o que vale é a colocação do paciente na lista de espera. A vantagem da lista única é quem está há mais tempo na fila terá prioridade. Antes, havia listas diferentes em cada hospital. "Quem podia pagar, levava mais rápido", diz Raia. A mudança, no entanto, não interfere na escassez de órgãos que mata pessoas todos os dias. No HC, 90 pacientes esperam por um fígado. Quase a metade deles está na fila desde 1995. O grande problema é que a demanda é muito maior que a oferta. A lista recebe todas as semanas mais quatro candidatos a um órgão, enquanto o HC só realiza, em média, uma cirurgia por semana. A lista de candidatos só não aumenta mais por causa do grande número de mortes. Só na semana passada quatro doentes morreram porque não conseguiram resistir às complicações. A maioria tem infecções repetidas causadas pelo mau funcionamento do fígado. Para piorar, a previsão é que haja queda no número de transplantes neste ano. Em 96, foram feitos 2.700. No primeiro trimestre deste ano, foram 600. Com a projeção, o total de 97 seria de 2.400. Texto Anterior: Cresce presença no provão e boicote cai Próximo Texto: Ex-primeiro não pode esperar Índice |
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