São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Custos da ampliação dividem a Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O custo da recém-acertada expansão da Otan marcou o final da reunião de cúpula da aliança militar ocidental, em Madri, e criou uma divisão entre os europeus e os norte-americanos na entidade.
Os americanos conseguiram, anteontem, uma vitória com o convite a apenas três países do Leste Europeu (Hungria, República Tcheca e Polônia). A maioria dos europeus, França à frente, queria que o convite fosse feito a cinco países.
Os EUA argumentaram que a expansão para um grande número de países traria custos muito altos em manutenção de tropas e armamentos nos novos países.
Ontem, França e Alemanha saíram ao ataque. "Adotamos uma posição muito simples, de que a ampliação deveria ser feita com custo zero", disse ontem o presidente francês, Jacques Chirac. "A França não pretende aumentar a sua contribuição à Otan por causa da ampliação."
O chanceler alemão, Helmut Kohl, disse que "é absurdo ligar a ampliação da Otan ao fator custo, como se o objetivo fosse rearmar grandes áreas da Europa até os dentes". Ou seja, Kohl e Chirac acham que não há mais ameaça iminente de conflito na Europa, e que, portanto, a estrutura da Otan nos novos países poderia ser reduzida.
Na Europa, os EUA tinham apoio apenas do Reino Unido para restringir a ampliação. A França queria que Eslovênia e Romênia também fossem convidadas agora, para assumir seu lugar em 1999, no 50º aniversário da organização.
A declaração final manteve a possibilidade de novos convites a partir de 1999. A cúpula da Espanha foi considerada histórica pela possibilidade de a Otan se expandir rumo a um território que, até os anos 80, era área de influência soviética, e, portanto, inimigo do Ocidente.
Chirac e Kohl disseram que os fabricantes de armamentos são os responsáveis pelas estimativas elevadas apresentadas pelos EUA.
A secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, estimou em 200 milhões de dólares anuais a ampliação tal qual foi feita. "Os EUA consideram que não é um preço muito alto para sua segurança. Esperamos que os contribuintes compreendam e respaldem o custo da proteção dos interesses dos EUA na Europa", disse Albright. Ela não descartou a adesão de outros países do Leste Europeu, no futuro, e incluiu a Rússia: "A organização está aberta a cada um dos governos democráticos".
Em fevereiro, o governo dos EUA anunciou que a expansão custaria, até 2009, entre US$ 27 bilhões e US$ 35 bilhões. Os responsáveis não disseram que cenário de ampliação consideraram.
Mas ontem Chirac mencionou um documento da Otan segundo o qual a ampliação com três membros custaria US$ 1,3 bilhão em dez anos, enquanto a ampliação com cinco sairia por US$ 1,6 bilhão -ou seja, US$ 300 milhões a mais, quantia considerada irrisória em decisões políticas dessa escala.

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