São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Ato em Londres vai defender a caça à raposa

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Cerca de 80 mil pessoas são esperadas hoje no Hyde Park para uma manifestação contra o fim da caça à raposa. O esporte, uma tradição no Reino Unido, está ameaçado por um projeto de lei que deve ser votado pelo Parlamento em novembro.
Os manifestantes vão protestar contra o que consideram ser uma ameaça do novo governo trabalhista ao estilo de vida do campo.
Os moradores do campo acham que a proposta do fim da caça é um sinal de intolerância e ignorância dos moradores urbanos do país em relação ao estilo de vida no interior.
O ato de hoje tem o apoio do líder do Partido Conservador, William Hague, que considera a proibição da caça de raposas, lebres, veados e martas com cachorros uma violação das liberdades civis.
Hague deve ter uma postura discreta na manifestação. Outros membros do partido, como o ex-vice-premiê Michael Heseltine, vão discursar. O escritor Frederick Forsyth também apóia a causa.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, reafirmou ontem sua oposição à caça. Os deputados devem ficar livres para votar sobre a questão, mas o fim do esporte é apoiado ostensivamente pelos trabalhistas, que dominam a Câmara dos Comuns. O projeto só deve ter problemas para passar pela Câmara dos Lordes, mais tradicionalista.
A Sociedade Britânica dos Esportes de Campo, que organiza o protesto, está trazendo à capital pelo menos 65 mil pessoas em 910 ônibus e 12 trens especialmente fretados para a ocasião. O grupo espera que mais alguns milhares se juntem espontaneamente ao ato.
Simpatizantes da manifestação devem chegar hoje de outros países, entre eles República da Irlanda, França e Estados Unidos.
Mais de cem militantes que iniciaram no mês passado em vários pontos do país uma marcha contra a proibição devem chegar amanhã à capital.
"Estou preparado para ir para a prisão em defesa dos valores do campo e de nossas tradições", disse Arnold Harvey, editor da revista "Horse and Hound" ("Cavalos e Cães de Caça"), que trata de esportes do campo.
Segundo a associação, os esportes rurais geram 27 mil empregos diretos, contribuem para a preservação do meio ambiente e geram receita anual de US$ 1,8 bilhão.
A Liga Contra Esportes Cruéis pediu a seus militantes que fiquem longe do protesto, para evitar confrontos.

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