São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Novos membros levam tradição militar à aliança

CHRISTOPHER BELLAMY
DO "THE INDEPENDENT"

Os novos membros vão trazer muito à Otan. Desde que a expansão se tornou um item da agenda, as autoridades da aliança frisaram que qualquer novo membro deve contribuir para segurança da Otan na mesma medida em que vai se beneficiar dela.
A escolha de Polônia, Hungria e República Tcheca como os três primeiros membros da Europa Oriental é totalmente lógica. A Otan está aceitando países com extraordinária tradição e competência militar.
Eles trazem, por exemplo, quase 400 mil homens, em um território equivalente ao da Alemanha, Áustria e Suíça. Mas, como já no século 18 disse o marechal Maurice de Saxe, um especialista militar, as batalhas não são ganhas pelos grandes Exércitos, mas pelos bons.
Polônia, Hungria e República Tcheca vêm trabalhando com a Otan já há algum tempo. Os tchecos forneceram especialistas em armamentos químicos na Guerra do Golfo, em 1991, e os três países enviaram forças à Bósnia, na missão da Otan.
O maior desafio vai ser ensinar a uma quantidade considerável de oficiais poloneses, húngaros e tchecos que as línguas oficiais da Otan são inglês e francês. As principais áreas em que a integração é necessária são defesa aérea e controle de tráfego aéreo. Sistemas seguros de codificação de comunicações são necessários para garantir que os três países recebam ordens e enviem relatos ao QG da Otan.
O maior esforço, porém, vai ser assegurar aos Parlamentos dos 16 membros atuais que os novos membros contam com um eficiente controle político civil sobre a estrutura militar.
Os militares ocidentais -especialmente britânicos, franceses e americanos- vão ter trabalho também ensinando procedimentos básicos a seus novos colegas. Um deles, por exemplo, é rudimentar, mas vital: todos precisam saber ler os mapas da Otan. Os símbolos cartográficos soviéticos, usados pelos antigos membros do Pacto de Varsóvia, são substancialmente diferentes. Mas um legado da Guerra Fria, porém, é que nesses países há vários antigos espiões que sabem ler os mapas da Otan -agora, eles serão convertidos em professores.
A Polônia vai ser o quinto principal membro da aliança -atrás de EUA, Reino Unido, França e Alemanha- e vai precisar assumir responsabilidades importantes na cúpula da Otan.
A tradição militar polonesa é clara e remonta a séculos. Com a invasão nazista, em 1939, muitos poloneses fugiram para a URSS, para lutar ao lado dos aliados. Além disso, foram os poloneses que deram a chave para quebrar as mensagens cifradas nazistas -um passo importante para a vitória aliada.
Os húngaros também deram uma sua contribuição à história militar. Hussardo -um tipo de soldado de cavalaria ligeira- é uma palavra de origem húngara.
Também os tchecos têm uma grande tradição militar, particularmente no campo dos armamentos. As armas que derrubaram os fortes belgas em 1914 foram fabricadas pela Skoda -indústria que, depois, construiu tanques extremamente robustos e possantes, que foram aproveitados pelos alemães após eles ocuparem a região que hoje é a República Tcheca. E os tchecos produziram, na cidade de Brno, uma soberba arma leve. Os britânicos a adotaram e passaram a construí-la também na cidade de Enfield -daí seu nome, Bren.

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