São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Família real do Camboja abandona o país

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Membros da família real do Camboja e líderes do partido monarquista Funcinpec, o partido do primeiro primeiro-ministro, Norodom Ranariddh, aproveitaram ontem a reativação de vôos comerciais para fugir do país.
A princesa Bopha Devi, irmã do premiê deposto, e Norodom Chakravuth, filho do premiê, eram os mais altos representantes da realeza cambojana a partir do aeroporto de Phnom Penh, a capital.
Importantes membros do Funcinpec também viajaram para Cingapura e Tailândia. Os aliados de Norodom temem ser mortos pelos homens que depuseram o premiê.
As forças do segundo premiê do país, Hun Sen, atacaram no sábado as bases dos partidários do príncipe Norodom. Após combates, Hun Sen expulsou os monarquistas de Phnom Penh e anunciou a deposição de Norodom -os choques mataram mais de 50.
Ao menos um líder do Funcinpec, Ho Sok, foi assassinado após o golpe. Segundo a "Associated Press", outro líder monarquista, Chao Sambath, foi morto ontem.
Apesar da retomada dos vôos comerciais, a situação no Camboja parece longe de se normalizar.
Os países do Sudeste Asiático continuaram ontem a retirar seus nacionais de Phnom Penh. Os EUA, que prometeram reduzir em dois terços a sua equipe diplomática presente no Camboja, enviaram ao país três navios de guerra para operações de retirada.
A comunidade internacional condenou o pró-vietnamita Hun Sen pelo uso da força para derrubar seu adversário -os premiês dividiam uma instável coalizão desde 1993, quando eleições patrocinadas pela ONU selaram a paz.
O dia de ontem foi calmo no país, mas há temores de retomada dos combates a qualquer momento. Homens leais a Norodom, que foi para Paris antes do início do golpe, estão concentrados no nordeste do Camboja, para onde se dirigiam forças de Hun Sen.
A tensão atual pode levar o Camboja de volta à guerra civil. A paz só foi atingida no país em 91, quando foi assinado acordo entre monarquistas e o Khmer Vermelho, de um lado, e o regime pró-vietnamita, de outro.
O regime estava no poder desde 79, data em que o Vietnã invadiu o Camboja, pondo fim ao domínio do Khmer Vermelho, a guerrilha de Pol Pot.
Ontem, a rádio da guerrilha acusou o Vietnã de haver ordenado o golpe. O líder pró-vietnamita negou que sua ação fosse um golpe. Hun Sen deve se reunir hoje com embaixadores para dar sua versão da história. O premiê afirma que agiu para impedir que Norodom cooptasse os guerrilheiros do Khmer.
No mês passado, facções do grupo se voltaram contra Pol Pot -Norodom intermediou os contatos entre as autoridades cambojanas e os guerrilheiros.

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