São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
Suspeita de bomba no vôo 283 faz PF investigar vida de passageiro morto
ROGERIO SCHLEGEL
A Folha apurou que a PF está levantando o passado e as ligações recentes do empresário. Engenheiro eletrônico, ele trabalhou no CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial) e na Embraer e era sócio de uma empresa de informática sediada em São José dos Campos (97 km a nordeste de São Paulo). O sócio de Campos, José Ronaldo Cantusio Abraão, diz que a suspeita sobre ele é absurda. A Polícia Federal só está no caso porque não está descartada a possibilidade de a explosão ter sido criminosa -causada, por exemplo, por uma bomba intencionalmente levada a bordo. Pela lei, crimes em aviões devem ser investigados pela PF. Outra possível causa para a explosão -que abriu um buraco de cerca de 2 metros por 1,30 metro no lado direito da fuselagem do Fokker-100- é ter havido defeito na estrutura do avião. A Aeronáutica trabalha com essa hipótese, mas a considera remota. O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, detectou no local da explosão vestígios do que considera ser uma substância química explosiva, ainda não identificada. O empresário Fernando Campos estava sentado na poltrona 18E no momento da explosão. Para o esquadrão antibombas do Gate, o material que explodiu estava a seu lado, sobre o assento da poltrona 18D, que foi apenas parcialmente destruído e estava afundado de cima para baixo. No embarque, Campos tinha passagem marcada para a poltrona 7C, mas como havia pessoas de uma mesma família ocupando essa fileira, sentou-se no fundo do avião, onde não havia passageiros. No inquérito do caso, a Polícia Federal ouviu ontem o professor Leonardo Castro, um dos passageiros que estava mais próximo de Campos quando houve a explosão. O depoimento durou quase cinco horas e não teve seu conteúdo divulgado. À imprensa, Castro disse que não conhecia o empresário, que estava sentado cerca de quatro fileiras à frente dele e que não notou nada de anormal em seu comportamento durante o vôo. Segundo Roberto Hobeika, gerente da TAM que levou Castro ao prédio da PF em São Paulo, ele foi a primeira testemunha ouvida por uma questão de praticidade. Castro teve escoriações e problemas no tímpano e ficou internado no Pronto-Socorro Municipal do Jabaquara desde anteontem. Como é de outra cidade e seria mais difícil de localizar, foi levado para depor assim que deixou o hospital. Castro disse estar com problemas de audição. Hoje, os delegados Pedro Serzi Júnior e Leandro Coimbra, que presidem o inquérito, devem ouvir a comissária Luciana Crispim Silva. Segundo Serzi, a idéia é chamar mais passageiros e tripulantes do vôo 283 para depor. Segundo sua assessoria de imprensa, a Polícia Federal também trabalha na perícia dos vestígios encontrados no avião, mas apenas colaborando com os técnicos da Aeronáutica. A análise, que pode confirmar se a explosão foi de fato provocada por substância química e de que tipo de material se tratava, deve ser feita nos laboratórios do CTA. LEIA MAIS nas págs. 3-2 a 3-6 Próximo Texto: Amigo viu maleta só com documentos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |