São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Empresário pode ter chegado vivo ao chão; IML fará novos exames

VALÉRIA ROSSI; MARCELO GODOY
DA FOLHA VALE E DA REPORTAGEM LOCAL

O médico-legista Renato de Macedo Pereira, de Suzano (SP), que fez a autópsia no corpo do empresário Fernando Caldeira de Moura Campos, disse que o empresário pode ter chegado vivo ao chão.
Campos foi arremessado de uma altura de 2.400 metros durante o acidente com o avião Fokker-100 da TAM, na última quarta-feira.
Segundo o médico, a causa da morte foi politraumatismo -várias fraturas pelo corpo provocadas pelo impacto contra o solo.
A frente do corpo do empresário foi preservada porque ele teria caído de costas ou de cócoras.
Segundo ele, o empresário pode ter desmaiado durante a queda.
O médico-legista disse que essa hipótese foi levantada pelo fato de o corpo não ter sinais de asfixia.
Ele afirmou que, da altura de que o empresário foi arremessado, não havia possibilidade de asfixia.
O médico disse que existem aeronaves que voam o dobro da altitude Fokker da TAM sem que as pessoas precisem de equipamento de despressurização para respirar.
"Ele não morreu de asfixia em razão do ar. A hipótese mais provável é que ele tenha caído desmaiado em razão do choque."
Até quatro quilômetros de altitude, as condições atmosféricas permitem uma respiração normal de pilotos e passageiras -sem a necessidade de equipamentos de despressurização.
Explosão
O médico-legista disse que não havia chamuscamento de pólvora nas roupas de Campos.
Apesar disso, segundo ele, o empresário apresentava uma suposta queimadura de segundo grau no lado direito do rosto.
As roupas do empresário foram encaminhadas ao IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Civil de São Paulo. O resultado da análise deve sair em 20 dias.
O médico também enviou fragmentos de pele, sangue e vísceras do empresário para o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo, para constatar a suposta queimadura -que pode ter sido provocada por produtos químicos.
Segundo o legista, não foram detectados vestígios de pólvora no corpo. Pereira disse que esses eventuais vestígios seriam perceptíveis mesmo durante um exame macroscópico (a olho nu). O exame no corpo durou uma hora.
São Paulo
Em São Paulo, o IML começará a analisar os fragmentos de pele e das vísceras dos engenheiro. Segundo o médico-legista Carlos Delmonti, os exames terão dois objetivos.
O primeiro será rastrear fragmentos da eventual explosão (por exemplo: fumaça e produtos químicos). Esse exame será semelhante ao feito para encontrar resíduos de metais nas mãos de uma pessoas que usa uma arma de fogo.
O outro propósito é determinar o momento exato em que o engenheiro morreu. Embora sejam pouco prováveis, ainda não estão descartadas as possibilidades de Campos ter morrido na provável explosão ou na queda livre.
Para Delmonti, a determinação desse momento pode contribuir para mudanças nas aeronaves a fim de que seja evitado um novo caso. Os exames devem ficar prontos em 15 dias.
(VALÉRIA ROSSI e MARCELO GODOY)

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