São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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IC acha em roupa de morto resíduo plástico que pode ser de explosivo

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Análises do microscópio eletrônico de varredura do IC (Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo) encontraram ontem pela manhã resíduos plásticos, que podem ser de explosivos, na roupa do empresário Fernando Caldeira de Moura, morto na explosão do Fokker-100 da TAM. Não foram identificados vestígios de pólvora.
Foram encontrados dois tipos de resíduos que estão sendo analisados em um aparelho chamado espectofotômetro infravermelho.
O objetivo é descobrir se os resíduos são relativos a algum explosivo plástico ou a algum recipiente utilizado para carregar o artefato explosivo. Existe também a possibilidade de os resíduos plásticos serem de algum outro objeto feito de plástico.
Os peritos do IC vão analisar a estrutura molecular dos resíduos para descobrir se ela é idêntica à de um explosivo plástico. As análises devem estar concluídas, no máximo, na próxima semana.
O explosivo plástico mais conhecido e utilizado no país é o chamado C4. De acordo com o IC, a Inbel (Indústria de Material Bélico do Exército) estaria fabricando esse tipo de explosivo.
Ontem à tarde, a diretoria do IC entrou em contato com Gil da Costa Marques, diretor do Instituto de Física da USP.
Os peritos estudam a possibilidade de analisar os vestígios encontrados com microscópio de tunelamento, que analisa moléculas.
As primeiras análises nas roupas do empresário não detectaram qualquer vestígio de pólvora.
Além de descartar uma suposta utilização de explosivo à base de pólvora, o IC também eliminou a hipótese de a explosão do Fokker-100 ter ocorrido por alguma falha estrutural do avião.
Ontem, foram iniciados exames para tentar descobrir resíduos de explosivos nitrogenados, como TNT ou nitroglicerina, nas roupas. Os nitrogenados representam mais de 90% dos tipos de explosivos conhecidos.
Essa etapa da perícia deve ficar concluída em uma semana.
No meio da tarde de ontem, técnicos da Polícia Federal se reuniram com peritos do IC. A partir de agora, os dois órgãos trabalharão em conjunto.
No encontro, os policiais entregaram amostras retiradas da poltrona 17D do Fokker-100, que fica à frente do banco 18D, onde ocorreu a explosão.
O IC tentará encontrar agora vestígios de explosivos nos fragmentos da poltrona.
Os policiais federais também afirmaram ter encontrado fragmentos de vidro próximo ao local da explosão. No entanto, ainda não foi possível determinar se os pedaços de vidro eram de uma lente de câmera de foto ou de vídeo.
Anteontem, o IC detectou vestígios de um elemento químico chamado ítrio na roupa do empresário. O ítrio é utilizado na fabricação de lentes de câmeras fotográficas e de vídeo, entre outras.
O IC não descarta a possibilidade de o artefato explosivo ter sido montado no interior de uma câmera. "Se fosse uma bomba ou atentado, a pessoa iria esconder", afirmou Osvaldo Negrini, diretor técnico do IC.
No entanto, a hipótese vem sendo considerada remota, pois o ítrio, segundo Negrini, também está presente em lentes de óculos.

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