São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Moedas latinas têm situação diferente

OSCAR PILAGALLO
EDITOR DE DINHEIRO

Mas nada indica, por enquanto, que o real tenha o mesmo destino que o baht tailandês ou a rupia da Indonésia.
A análise é de autoria de um importante banco de investimento norte-americano, o J.P. Morgan, cujas "newsletters" ajudam a formar a opinião de investidores no mundo todo.
A razão da vulnerabilidade é a deterioração das contas externas do Brasil, que se agravou no último ano, uma constatação que o próprio governo admite.
O paralelo com o Sudeste Asiático não se observa porque, na percepção do mercado, que é o que conta, a política cambial não muda de rumo ou de ritmo.
Por dois motivos. Primeiro porque, se o governo mexesse no câmbio, o efeito colateral (pressão inflacionária) seria maior do que o objetivo da medida (corrigir distorções nas contas externas).
Segundo porque, ao contrário do que ocorre nos países do Sudeste Asiático, os estrangeiros que estão no Brasil estão otimistas em relação às perspectivas de longo prazo.
A consequência do nó cambial no Brasil é a restrição que significa ao crescimento mais acelerado da economia. Ou seja, o país tem que se contentar com uma expansão da ordem de 3% porque um ritmo mais acelerado agravaria ainda mais as contas externas.
Nesse ponto, o real difere dos dois pesos que também estiveram sob forte pressão, o da Argentina e o do México.
Na Argentina, a paridade cambial com o dólar resistiu à crise do México em 1994, ainda que à custa de uma forte recessão no ano seguinte. Para o mercado, se câmbio não mudou após a crise mexicana, não mudará com a do Sudeste Asiático.
Quanto ao México, sua moeda oscila hoje num ambiente de total flexibilidade, em que desvalorizações ajudam na recuperação econômica e não estão associadas à possibilidade de crise cambial.
A expectativa é a de que até o final do ano, se a balança comercial reverter a tendência e começar a apresentar déficits, o México promova desvalorização da ordem de 7%. Até abril, o superávit acumulado em 12 meses era de US$ 5,6 bilhões.

LEIA MAIS sobre o reflexo da crise cambial do Sudeste Asiático no Brasil nas págs. 2-3 e 2-4

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