São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Fraude pode fazer surgir "UNE do B"

Partidos se acusam mutuamente

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Acusações de fraude que teria ocorrido no último congresso da UNE (realizado até domingo passado em Belo Horizonte) podem rachar de vez entidade.
Estudantes ligados ao PDT, PPS, PSB e à parte do PT acusam o PC do B (que manteve a presidência da entidade) de ter dado crachás de votação para alunos que não foram eleitos como delegados. Só delegados com crachá podem votar durante o congresso.
O PC do B, por sua vez, diz que, se houve fraude, a responsabilidade é dos dissidentes.
Todos afirmam que a cisão pode até ocasionar a formação de uma nova entidade estudantil nacional. Essa nova entidade vem sendo discutida por membros de partidos políticos que vêem na UNE uma forma de obter votos nas eleições majoritárias do país.
A fraude teria ocorrido da seguinte forma: nas votações, delegados votam sim ou não às propostas apresentadas levantando os crachás, que são contados. Segundo o PDT, do PC do B distribuiu crachás sem identificação.
"Vimos crachás em branco sendo distribuídos na plenária final por membros da chapa do PC do B", diz Flávio Zacher, 24.
Até o domingo passado, ele fez parte da diretoria da UNE junto com o PC do B, como secretário-geral da entidade.
Zacher guardou 21 crachás em branco que afirma terem sido tirados das mãos de militantes do PC do B durante a plenária.
A versão do PC do B é outra. Orlando Silva Júnior, 25, ex-presidente da UNE, diz que as afirmações do PDT são uma tentativa de dividir a UNE. "Estudantes que não têm nenhuma representação fazem isso para aparecer. Isso só pode ter ocorrido em uma hipótese: a de que eles tenham falsificado crachás para 'melar' o congresso."
"Eles querem dividir a UNE e formar outra entidade. Não duvido nada que tenham roubado ou falsificado crachás para causar essa polêmica", diz Márcio Jardim, estudante de história no Maranhão, membro da Articulação (tendência à direita do PT) e integrante da nova diretoria.
Penildon Silva Filho, 24, aluno de jornalismo da Universidade Federal da Bahia e do PT, confirma ter visto pessoas com crachás em branco. Silva diz que o seu grupo vai organizar um encontro nacional, mas que não concorda com a formação de outra entidade.
Jones Ferreira de Matos, do PPS, é a favor da nova entidade. "A UNE não nos representa mais."
Segundo Matos, o primeiro passo para a formação da nova entidade seria a organização de um encontro nacional, que ele, junto com outros dissidentes, estariam tentando viabilizar.

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