São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Política é principal tema de encontro

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Hoje à noite, em Belo Horizonte, mais uma vez em quase meio século de sua história, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), inicia uma reunião anual na qual os pesquisadores do país procuram explicar o que fazem ao resto da sociedade brasileira -e desta vez, a ênfase na política é pesada.
É a 49ª Reunião Anual da SBPC, que vai até o dia 18 no campus da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em Belo Horizonte.
O tema geral é "Ciência Hoje, Brasil Amanhã". Ele se reflete nas conferências, com títulos como "Patrimônio: Preservação e Pesquisa" ou "Biodiversidade Hoje, Ciência Amanhã".
São referências ao debate atual sobre "biopirataria", o suposto "roubo" de material genético por pesquisadores do Primeiro Mundo de regiões como a floresta amazônica, um dos pontos do planeta relativamente menos conhecidos pela ciência -e um dos potencialmente mais ricos em substâncias, genes e proteínas passíveis de utilização pela indústria farmacêutica internacional para curar e tratar doenças variadas.
Mas, ao mesmo tempo, a SBPC cuida de informar o que se faz hoje sobre ciência básica, como nas conferências previstas sobre "Genética de Resistência a Drogas nos Anos 2000", "O Projeto Genoma Humano e a Neurobiologia", ou "O Envelhecimento da População Brasileira".
A política no estrito sentido aparece na conferência do antropólogo Roberto DaMatta, da Universidade Notre-Dame (nos EUA), com o título "Para uma Etnografia do Estado-Nação: a Questão do Espaço Público no Brasil".
Já uma mesa redonda sobre medicamentos será coordenada pelo próprio presidente da SBPC, o cientista Sérgio Henrique Ferreira (USP). O tema é ligado à questão da biodiversidade, que aparece em termos práticos na maneira pela qual as companhias farmacêuticas se utilizam desses recursos naturais para produzir os remédios consumidos no planeta.
Temas da moda serão discutidos, como a "Vaca Louca e os Príons", amanhã, por Vilma Regina Martins, do Instituto Ludwig.
Na quarta-feira, o tema será Aids e suas novas e futuras terapias, apresentado por David Everson Uip, da USP.
Um dos temas que provavelmente vai lotar a sala será "Doenças Tropicais". E um dos motivos disso será a apresentação de Ruth Nussenzweig (pesquisadora brasileira da Universidade de Nova York) sobre a "base experimental e estado atual de uma vacina para malária", que teve importantes avanços devido a pesquisas americanas recentes, as quais tiveram como substrato o trabalho dela e seu marido Victor, exilados políticos nos anos 60, que continuaram pesquisando fora do país algo de extrema importância para a saúde pública brasileiras.
Doenças tropicais como dengue e leishmaniose também serão discutidas na reunião, que quer debater tanto o modelo "neoliberal" de desenvolvimento do país como o impacto na pesquisa científica.

Mais informações no site da SBPC
http://www.sbpcnet.org.br.

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