São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Aliados de Menem pedem mais gastos

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

A pouco mais de cem dias das eleições parlamentares de outubro, a equipe econômica do presidente da Argentina, Carlos Menem, está sendo pressionada politicamente para realizar gastos não previstos no orçamento deste ano.
As pressões são feitas pelos aliados políticos, que querem conseguir votos a partir de obras de infra-estrutura e de programas para a criação de novos empregos.
O chefe do gabinete de assessores do Ministério da Economia, Carlos Rodríguez, confirmou à Folha essas pressões. Mas adiantou que a equipe econômica não pretende extrapolar os gastos determinados pela lei orçamentária do país.
"Em um período eleitoral, os políticos sempre estão propondo novos projetos. Mas vamos ver se esse fenômeno se manifesta fora do orçamento, afetando o resultado fiscal do país", disse Rodríguez, em tom de provocação.
Em 96, a Argentina apresentou um déficit fiscal (quando as despesas superam as receitas) de US$ 6 bilhões. Neste ano, Rodríguez calcula que esse déficit pode cair para US$ 3 bilhões.
Pressões
Nos últimos dias, o ministro Roque Fernández (Economia) cedeu a algumas das reivindicações políticas e anunciou medidas que poderão trazer ganhos eleitorais para o Partido Justicialista, ao qual o presidente Menem é filiado.
Ele também anunciou um convênio de US$ 200 milhões com o Banco Mundial destinado à criação emergencial de 300 mil empregos ainda neste ano.
O presidente Menem, por sua vez, anunciou o lançamento de um plano de construção de 10 mil quilômetros de auto-estradas em todo o país, a um custo de US$ 10 milhões e com potencial para gerar 30 mil empregos diretos.
Esse projeto teria início em junho de 1998. As eleições presidenciais ocorrem em 1999.
Criatividade
Os pedidos dos políticos não param de chegar ao Ministério da Economia.
Na semana passada, o deputado justicialista Humberto Roggero deixou na mesa de Roque Fernández um projeto para a criação de um bônus fiscal a ser concedido aos empresários que criarem no vos postos de trabalho.
Pelo projeto, os empregadores teriam redução na alíquota do Imposto de Renda e no IVA (Imposto de Valor Agregado). O bônus também poderia servir para pagar outros tributos federais.
O Partido Justicialista quer ainda que o Ministério da Economia adiante às Províncias cerca de US$ 250 milhões para programas de habitação, tendo como garantia os recursos obtidos pela privatização do Banco Hipotecário Nacional -ainda sem data marcada para acontecer.
"É um ano eleitoral e estamos discutindo muitas coisas. Mas isso não significa que elas sairão todas juntas", disse Carlos Rodríguez.

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