São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Gritos marcam nova fase do Palmeiras

ALEXANDRE GIMENEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Vai, p..., marca o cara."
"C..., volta pra defesa."
"M..., o atacante está livre."
Essas e outras frases, todas ditas com decibéis acima do normal, são a grande arma do Palmeiras no início do Campeonato Brasileiro.
Como o entrosamento entre os atletas palmeirenses ainda é precário, o técnico do time, Luiz Felipe Scolari, estimulou seus jogadores a cobrarem e orientarem seus companheiros nas partidas.
"O Luiz disse que todos precisam falar em campo. Antes, a equipe falava pouco", disse o volante Galeano, o responsável pela "gritaria" no meio-campo.
O tom de voz elevado dos jogadores causou situações constrangedoras na partida do time contra o Atlético-MG, na última quinta-feira, em Belo Horizonte.
O Palmeiras venceu por 1 a 0, mas sofreu grande pressão do adversário no final do primeiro tempo e em toda a segunda etapa.
O atacante Edmílson e o lateral Neném chegaram a trocar empurrões durante o jogo.
"Foi uma situação de campo. Não vou falar para ninguém o que se passa dentro do vestiário", disse o técnico Scolari.
Porém os jogadores do Palmeiras afirmaram à Folha que Edmílson e Neném foram duramente repreendidos.
"Você precisa cobrar, mas isso nunca pode chegar perto da agressão", disse Galeano.
Os zagueiros Júnior Tuchê e Cléber também discutiram rispidamente na partida contra o Atlético-MG.
A mesma atitude foi tomada por Galeano, com seus companheiros de meio-campo, e pelo lateral Júnior, com o atacante Cris.
Normalidade
Os jogadores do Palmeiras chegam a jurar que as rusgas das partidas nunca acompanham a equipe para fora de campo.
"O que vale é não tomar gols. Estamos discutindo em campo para acertar. Ninguém sai magoado", disse Júnior Tuchê.
Um pacto "pró-bronca" até foi ensaiado pelos atletas palmeirenses.
"Se for para o bem do grupo, todos precisam falar. Quem está jogando precisa aceitar", afirmou Neném.
Efeito Dunga
Diferentemente do que ocorre na seleção brasileira, os jogadores do Palmeiras afirmam que nenhum atleta detém a exclusividade das broncas.
Dunga -capitão da seleção- é no time de Zagallo o responsável pela função de "orador"'.
"Todos na equipe têm essa obrigação. Não quero ter essa responsabilidade apenas para mim", disse o zagueiro Cléber, capitão do Palmeiras.

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