São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Vai pra casa, Padilha!

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Cresce a pressão do PSDB para que o presidente Fernando Henrique Cardoso dê um chega-pra-lá no PMDB. Trocando seus ministros, por exemplo.
A constatação é nua e crua: a de que o governo se desgasta excessivamente para tentar conquistar um apoio do PMDB que nunca vem.
O primeiro com a garganta na guilhotina é o secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, que manipula uma dinheirama danada, a fundo perdido. Leia-se: pode mandar tudo para os próprios aliados. E quem são eles? Os prefeitos do PMDB.
Apesar dessas facilidades, os peemedebistas paraibanos não dão a contrapartida política. Votam sistematicamente contra o governo.
Em rodadas de conversas que incluem FHC e Sérgio Motta, os tucanos vêm pedindo abertamente a demissão também de Iris Rezende (Justiça) e Eliseu Padilha (Transportes).
O argumento é por escrito: a planilha da votação de quarta-feira sobre a quebra da estabilidade. O PMDB tem 94 deputados e o PPB, 79. Mas os dois deram à emenda o mesmo número de votos: 54 cada um.
"Por que o Fernando Henrique não dá logo a Justiça para o Maluf? Tem mais lógica", debocha um tucano.
Um outro dado é a crescente tendência do PMDB para uma candidatura própria à Presidência em 98. José Sarney está assanhadíssimo e não convém desprezá-lo. É jeitoso e tem índices razoáveis nas pesquisas.
E mais: a ala governista do PMDB se esfumaça celeremente. Luiz Carlos Santos migra para o PFL ou o PPB; Michel Temer está cada vez mais independente na presidência da Câmara; Alberto Goldman e Aloysio Nunes Ferreira já admitem ir para o PSDB.
Até Antônio Britto desistiu de acordar algum governismo porventura existente no PMDB. Ele desembarca amanhã no Planalto como porta-voz de uma exigência dos governadores: a compensação para a perda de receitas dos Estados com a chamada desoneração das importações.
Fernando Henrique, hoje, é uma ilha no PMDB. Uma ilha cercada de oposicionistas por todos os lados.

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