São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Excelsior a go-go

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Assim que terminar de ler essa matéria, levante-se, ligue seu televisor e veja o que está acontecendo na sala de sua casa em pleno domingo: a maioria dos canais mostra os "milagres" feitos ao vivo e em cores por seus proprietários.
Na campeã, onde você "Tem Tudo" um filmeco boboca de quinta categoria, mostra um bando de americanos sem camisa, bem ao estilo da casa, tentando fazer suas cabeças moldadas nas areias de Malibu pegar no tranco.
Na sua rival, a cena chega a um tal nível de degradação, que não sobra alternativa que não seja desligar o aparelho: criancinhas vestidas com roupinhas pouco maiores que suas fraldas, coladas aos seus corpos gordinhos, rebolando suas bundinhas cheirando a talco para deleite de um bando de marmanjos tarados e mães desesperadas para darem o golpe do Baú da Felicidade. Que tristeza! Se fosse minha filha...
Dá vontade de entrar numa dessas geringonças do tempo e voltar para as alegres tardes de domingo, quando Roberto Carlos e sua turma, comandavam o "Jovem Guarda". E não era só ele.
Na Tupi, mais ou menos na mesma época, Júlio Rosemberg comandava o delicioso "Na Crista da Onda". Eduardo Araújo, na Excelsior apresentava "O Bom". Wanderley Cardoso fora anunciado como apresentador de "Excelsior a Go-Go , mas acabou desistindo. Mas programas jovens não faltavam. Nem atrações.
Pouco ante de Wanderléa se tornar a "rainha da Jovem Guarda", todo mundo babava por Meire Pavão. Martinha veio de Minas trazida pelo "rei" Roberto, enquanto Eduardo Araújo levava Silvinha pro altar.
Ronnie Von tinha de se conformar com o título de "pequeno príncipe", e o "reizinho" era um garotinha chamando Ed Carlos.
Alguns nomes hoje em dia estão perdidos em alguma página da revista "Intervalo": Bobby de Carlo era sensação cantando "Tijolinho", Elizabeth vendeu milhares de discos no Brasil e na América Latina com "Sou Louca por Você", e Katia Cilene tinha seu próprio programa de TV, onde apresentava suas músicas de maior sucesso, como "Elezinho", "Bilhetinho Apaixonado" e "Eu Estou Feliz".
A lista é grande: José Ricardo, Cleide Alves, Maritza Fabiani, Marcos Roberto, os grupos The Jordans, The Fevers, Os Diferentes, e, claro, os grupos que acompanhavam as grandes estrelas da época: O RC7, Os Tremendões e Os Wandecos. Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Vanusa, Rosemary e Sérgio Reis continuam na carreira.
Para terminar, devo dizer para todo mundo que a garota papo-firme que o Roberto falou era mesmo Waldirene. E não me venha com Leandros ou Zezés, por que dupla para mim só teve uma: Os Vips.
Com músicas como "Faça Alguma Coisa pelo Nosso Amor" ou "A Volta" se transformaram em ídolos. Suas roupas eram arrancadas pelas fãs, que quebravam o pára-brisa de seus carros. A polícia tinha de intervir para que a dupla conseguisse sair dos lugares.
Não contentes, elas se escondiam nos armários ou embaixo das camas dos quartos de hotel onde a dupla se hospedava, conseguindo a chave depois de subornar os porteiros.
Os Vips e muitos outros aqui citados devem ter muita história pra contar. Aliás, as TVs poderiam pensar em dar-lhes um programa aos domingos à tarde, que tal? Assim, a gente se livraria das Carlinhas Perez ou dos praticantes de surf sem cabeça de Malibu Beach!

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