São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 1997
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Fim do milênio cria novos negócios

PAULO HENRIQUE BRAGA

PAULO HENRIQUE BRAGA; CLAUDIA PIRES
DE LONDRES

Sistemas de informática, marketing e turismo concentram o esforço das empresas para faturar

CLAUDIA PIRES
Amanhã estarão faltando 900 dias para o ano 2000.
O potencial de negócios que a proximidade da virada gera é inversamente proporcional à quantidade de folhinhas no calendário.
A parte mais visível deles está concentrada nas áreas de publicidade, turismo, marketing e informática, entre outras.
É importante notar que o milênio não começa no ano 2000. A rigor, o início é em 2001.
Para os negócios, no entanto, são apenas duas datas a explorar: a entrada dos anos 2000 e, um ano depois, o início do novo milênio.
José Francisco Eustáchio, vice-presidente da agência de publicidade Talent no Brasil, considera que as empresas podem aproveitar a virada do milênio para faturar.
"Só na renovação dos sistemas informatizados serão gastos cerca de US$ 400 bilhões em todo o mundo", afirma ele.
Eustáchio cita ainda a mudança de linguagem das TVs para a transmissão digital. Somente nos EUA, calcula, isso deve gerar mais de US$ 500 bilhões em negócios.
O consultor de informática Sigmar Frota, diretor de tecnologia e estratégia da empresa Attachmate, vê o aumento da competitividade como um dos pontos favoráveis do final do milênio.
"No caso da informática, muitas empresas estão descobrindo que trabalham com programas velhos e obsoletos e buscam atualização", afirma Frota.
Na Inglaterra, o Observatório Real, por onde passa o meridiano zero, está liderando o esforço no Reino Unido para tentar ganhar dinheiro com o ano 2000.
Por cerca de US$ 6.000, é possível "comprar" um dos dias marcados pelo relógio de Greenwich.
O relógio atômico que faz a contagem regressiva dos dias foi inaugurado em abril, com uma festa ao estilo das celebrações para marcar os mil dias que faltavam para a chegada do ano 2000.
As outras datas estão sendo oferecidas para empresas interessadas em se envolverem de alguma forma na celebração do milênio.
"Esperamos oferecer algo prático para as companhias que têm a idéia que deveriam estar fazendo algo relacionado ao milênio", diz Simon Gillespie, responsável pela comercialização das datas.
Entre os interessados estão a Boeing, candidata a "comprar" o dia 737, e a Xerox, interessada nos números dos dias associados aos modelos de suas fotocopiadoras.
Em troca, as empresas podem promover seus produtos por um dia no observatório e ganham o direito de usar o logotipo do meridiano de Greenwich.
O observatório também já vendeu os direitos de transmissão da festa de Ano Novo no local.
O Museu Marítimo Nacional, do qual o observatório faz parte, espera arrecadar no total US$ 12 milhões.

Destilados Empresas locais também estão tentando ganhar dinheiro com produtos relacionados de alguma forma à data.
Algumas empresas, como montadoras de automóveis, podem simplesmente renomear seus produtos com a marca "milênio", fazendo poucas modificações.
Em alguns casos, porém, o produto já está sendo elaborado há bastante tempo. A destilaria Bushmills, na Irlanda, começou a fabricar seu uísque especial em 1975.
Foram produzidos apenas 360 barris do malte, o último deles vendido há um ano.
No Brasil, o turismo é o segmento que deve faturar mais. Boa parte das agências brasileiras já tem programação para a passagem de 1999 para 2000 e de 2000 para 2001.
Algumas agências especializadas em cruzeiros já têm alguns programas esgotados. Esses pacotes são exóticos e caros: vão de cruzeiros pelo rio Nilo na noite de reveillon até a passagem de ano com festa na cidade de Jerusalém.
Os preços ainda não estão definidos, mas, em alguns casos, quem quiser reservar lugar precisa fazer um depósito de US$ 1.000.
As operadoras especializadas em Disneyworld também estão aceitando reservas. Segundo Augusta Fortunatto, dona da agência Tia Augusta, a empresa planeja festa de passagem de ano com cerca de 1.000 pessoas.

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