São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 1997 |
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Gal relê Gal entre urubus e aviões
ARMANDO ANTENORE
Hoje, com 51 anos, Gal está se preparando para gravar um "Acústico" na planetária MTV. Globalizou-se, mas continua de olho em urubus e aviões. Desde maio, encabeça uma campanha inusitada no Rio. O alvo é o aterro sanitário que fica perto do aeroporto do Galeão. A cantora quer desativá-lo. Teme que os urubus do lixão invadam as turbinas dos aviões e os derrubem. Calcula que já amealhou para a cruzada mil assinaturas, incluindo as de Caetano Veloso, João Bosco e Milton Nascimento. Tentou, recentemente, conversar sobre o assunto com o governador Marcello Alencar. "Marcamos três encontros, mas ele cancelou todos. Para mim, agora, chega. Vou até certo ponto, depois..." Gal já esteve, ela mesma, num Boeing que abortou a decolagem por sugar um urubu. Mesmo assim, acha que não legisla em causa própria. "O problema é sério. Ameaça a aviação e a saúde pública, porque o aterro traz doenças à população daquela área." Se mantém um olho nos aviões, resguarda o outro para os jovens. Com o "Acústico" que grava quinta-feira, às 21h, no Memorial da América Latina (SP), pretende não só revisar a carreira de 30 anos, mas principalmente chegar "à garotada". A MTV exibirá o programa em setembro. Vai transformá-lo, como de praxe, num CD. O disco -da BMG- deverá ter 18 canções, todas com arranjo de Wagner Tiso. Acompanharão a cantora uma orquestra de 36 músicos e um time eclético de convidados: Frejat, Herbert Vianna, Tony Garrido, Mestre Ambrósio e, ainda dependendo de confirmação, o saxofonista norte-americano Kenny G. É o primeiro disco solo ao vivo da artista desde o célebre "Fatal", de 1971. O repertório priorizará canções daquela década e dos anos 60 (veja quadro à esq.). "Quem gostava de mim na época? Os vanguardas, os malucos, os loucos. Os caretas gostavam de Bethânia. Mas, com o tempo, meu público se modificou. Eu mesma mudei o jeito de me vestir. Hoje sou uma cantora de quem todo mundo gosta. Então, é legal recuperar o passado para os jovens. Mostrar: olha, tenho história." "Pois é, rapaz, esqueci. Mas ainda está em tempo de a gente se reencontrar. Ele até me trata por madrinha", disse a cantora na semana passada, durante entrevista à Folha, em um hotel cinco estrelas de São Paulo. Pediu licença, sacou o celular e discou para o produtor Mazzola: "Se o Kenny G não vier, convide o Melodia". Com o programa, Gal deseja homenagear sobretudo "a adolescente" que ainda considera ser. "Continuo corajosa como os jovens, embora mais técnica e segura." Corajosa também significa sem medo das novas cantoras. "No dia em que me sentir ameaçada por quem está chegando penduro a chuteira. Minha geração é imbatível, cara. Nós somos foda. Pode escrever -com maiúscula." LEIA MAIS sobre Gal à pág. 5-5 Próximo Texto: Repertório localiza cerne da obra nos 60 e 70 Índice |
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