São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Noroeste do Paraná troca boi por soja

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UMUARAMA

O noroeste do Paraná está apostando no plantio de soja para vencer a crise econômica provocada pela pecuária extensiva e pela degradação dos solos de arenito.
Na safra 96/97, foram plantados 1.100 ha de soja em áreas de arenito caiuá na região de Umuarama (656 km a noroeste de Curitiba).
Os resultados alcançados -rendimento entre 49 e 55 sacas/ha- levaram a Prefeitura de Umuarama a criar o Pater (Programa de Arrendamento de Terras).
Baseado na experiência do Triângulo Mineiro, o Pater atende aos 32 municípios da Amerios (Associação dos Municípios Entre os rios Piquiri, Ivaí e Paraná).
Para este ano, mais de 10 mil ha serão destinados à soja na região.
Segundo o secretário municipal de Agricultura de Umuarama, Edson Assis Bastos, 40, coordenador do Pater, além de alavancar a economia da região, o plantio de soja irá possibilitar que os pecuaristas reformem suas pastagens com técnicas adequadas de manejo.
Bastos acredita que a soja está chegando ao noroeste do Paraná para ficar, num sistema de parceria lavoura-pecuária.
Segundo Bastos, o plantio de soja no sistema convencional é inviável para a região em razão do solo de arenito (de fácil degradação e propenso à erosão).
"Mas os produtores que estão chegando para arrendar as terras têm tecnologia e irão adotar o plantio direto", afirma.
Trata-se de uma prática de plantio realizada sobre o resto da cultura anterior, sem o revolvimento do solo.
Produtores das regiões oeste e sudoeste, com tradição no plantio direto, são os principais interessados no arrendamento de terras no noroeste do Estado.
As bases do arrendamento são acertadas diretamente pelos produtores e pecuaristas inscritos no programa, com o Pater intermediando as negociações e efetivando o contrato.
Os prazos de arrendamento estão variando entre quatro e cinco anos.
Até a última semana existiam 2.000 produtores interessados em arrendar áreas para cultivo de soja. "Está começando a faltar terra, pois muitos pecuaristas estão querendo apostar também na soja", diz Bastos.
Moacir Grando, 43, produtor de soja em Tupãssi (oeste do PR), diz que o programa é bom para quem tem maquinário sem uso.
"Quem aderiu ao plantio direto nas regiões tradicionais de soja tem hoje máquinas paradas. Como o primeiro plantio tem que ser convencional, é viável para quem tem tecnologia e equipamentos".

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