São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Déficit externo de 97 já supera US$ 15 bi

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As contas externas do Brasil continuaram a se deteriorar no primeiro semestre deste ano.
O déficit em conta corrente -que indica a dependência do ingresso de capital estrangeiro- atingiu US$ 15,62 bilhões, mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.
A medida mais relevante do déficit -que registra todas as transações com o exterior, incluindo pagamento de juros- é sua comparação com o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país em um ano).
Entre maio e junho, o déficit em 12 meses subiu de 4,07% para 4,19% do PIB. A previsão oficial para o ano é de 4,5%.
As reservas internacionais no Banco Central também caíram. Pelo conceito de caixa, elas passaram de US$ 58,459 bilhões em maio para US$ 56,795 bilhões no mês passado. Uma queda de US$ 1,664 bilhão.
Pelo conceito de liquidez internacional -que inclui os recursos em caixa, mais recebimentos previstos a médio e longo prazos-, as reservas caíram de US$ 59,279 bilhões em maio para US$ 57,615 bilhões em junho.
Um bom resultado nas contas externas é fundamental para a sobrevivência do Plano Real, baseado em âncora cambial. O câmbio está sobrevalorizado, estimulando as importações para forçar uma queda nos preços internamente.
A deterioração das contas externas provocou a crise que atingiu países da Ásia nos últimos dias. Tailândia, Filipinas e Indonésia foram obrigados a desvalorizar sua moeda, para reduzir a fuga de recursos externos.
Para BC, não preocupa
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o déficit não é preocupante porque está sendo financiado por recursos de boa qualidade, que são os investimentos diretos das empresas estrangeiras no país.
A captação de recursos externos aumentou 44% em relação aos seis primeiros meses de 96. De janeiro a junho deste ano, o total foi de US$ 52,06 bilhões, contra US$ 36,16 bilhões em 96.
No entanto, se está entrando mais capital externo, há também uma remessa maior de lucros e dividendos para o exterior. No primeiro semestre de 96, foram enviados US$ 380 milhões para os países de origem. Neste ano, a remessa chegou a US$ 2,37 bilhões.
"No crescimento mês a mês, não há nada de explosivo", disse Lopes. Segundo ele, a perspectiva de melhora da balança comercial trará um impacto positivo nas transações correntes.
Reservas
Altamir Lopes disse que a queda nas reservas foi provocada pelo acúmulo de pagamento de dívidas externas.
No mês passado venceram euroienes lançados em junho de 95. Só com esses títulos, o gasto chegou a US$ 728 milhões. O governo pagou também US$ 538 milhões ao Clube de Paris, parcela que normalmente é quitada em julho.

LEIA MAIS sobre a crise cambial em países do Sudeste Asiático e sua influência nas Bolsas e demais mercados nas págs. 2-7 e 2-8

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