São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vendedor protesta com "instalação conceitual"

CF
DO ENVIADO ESPECIAL

A tensão de conceitos levantada pela proximidade entre os trabalhos de Christine Hill e de Lothar Schlückebier só fez aumentar quando o vendedor alemão também resolveu se manifestar.
Segundo Schlückebier, em sua vistoria do trajeto da Documenta, a curadora Catherine David criticou o mau gosto de sua loja. Não chegou a pedir que a loja fosse retirada do local, mas suas declarações negativas foram reproduzidas por jornais, rádios e TVs locais.
O vendedor passou então a colar nas vitrines de sua loja as críticas negativas que David recebia. A vitrine ganhou ares de instalação conceitual e chama tanta atenção quanto o "Volksboutique", confundindo ainda mais o espectador.
Essa confusão vem desde 1916, quando o francês Marcel Duchamp (1887-1968) pegou uma roda de bicicleta e a fixou em uma banqueta, criando assim o "ready-made" "Roda de Bicicleta". Os dadaístas pretendiam questionar o valor da arte por meio de uma nova valorização dos objetos e procedimentos do cotidiano.
A partir de então, os exemplos de ruptura se sucederam. No anos 50, Yves Klein (1928-1962) vendeu "zonas de sensibilidade pictórica imaterial"; nos 60, a "arte povera" incorporou materiais sem valor, como terra, em suas obras. Nos 90, a arte abjeta ganha força, com Damian Hirst, que usa corpos de animais nos trabalhos, e com a francesa Orlan, cuja obra é seu próprio corpo, o qual submete a constantes operações plásticas.

Texto Anterior: Artista assumiu vários papéis
Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.