São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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2 milhões protestam contra o ETA

CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MADRI

Mais de um milhão de pessoas, segundo os meios de informação locais, foram ontem às ruas de Madri para protestar contra o assassinato do vereador do Partido Popular (do governo) Miguel Angel Blanco.
Uma manifestação semelhante acontecia simultaneamente em Barcelona (Catalunha, nordeste). Durante todo o dia houve protestos em todo o país, que mobilizaram dois milhões de pessoas. Ao meio-dia, houve dez minutos de silêncio na Espanha.
Naquele momento, Blanco era sepultado na cidade de Ermua (País Basco, norte), onde ele era vereador (leia texto abaixo).
Blanco foi sequestrado na semana passada por militantes do grupo separatista basco ETA. O grupo deu 48 horas para o governo transferir 500 prisioneiros do ETA que cumprem pena em vários pontos da Espanha para cadeias bascas.
Houve manifestações pela libertação de Blanco na sexta e no sábado. Mas, horas depois de o ultimato vencer, Blanco foi encontrado em uma estrada com dois tiros na cabeça. Ele morreu na madrugada de domingo, o que causou uma onda de revolta na Espanha.
Em Bilbao, principal cidade basca, houve uma paralisação de uma hora. Todo o comércio fechou entre as 12h e 13h.
Em Madri, jovens, idosos e crianças percorreram o trajeto de 2 km entre a plaza de Colón e a Puerta del Sol, no centro da capital, cantando e gritando palavras de ordem contra o ETA.
Um sucesso dos anos 60 no país, cujo refrão prega "liberdade sem ira" era entoado a todo momento. Frases como "Bascos sim, ETA não" ou "Onde estão? Não se vêem os covardes do HB", em referência ao partido Herri Batasuna, braço político do ETA, eram ouvidas.
Nem o calor de 34°C afugentou a multidão, que começou a se reunir na plaza de Colón desde as 17h de ontem, convocada pelo governo autônomo de Madri.
A manifestação, apoiada por sindicatos e partidos políticos, estava programada para as 20h, e até as 23h não havia se dispersado.
'Paz, Unidade e Liberdade"
Puxados por uma faixa com os dizeres "Paz, Unidade e Liberdade", carregada por políticos como o atual primeiro-ministro, José María Aznar, e o ex-premiê Felipe González, os manifestantes caminharam pacificamente.
Até mesmo turistas de férias em Madri, como o inglês Andrew MacDonald, 38, se uniram ao protesto. "Eu vim porque no Reino Unido vivemos a mesma situação com o IRA (Exército Republicano Irlandês, também separatista)."
A sigla ETA (Euskadi ta Askatasuna, Pátria Basca e Liberdade, em basco) era substituída em cartazes por "Escória Terrorista Assassina". Na Puerta del Sol, onde manifestantes se reúnem desde sexta-feira, foi montado um painel onde se podem escrever mensagens antiterror.

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