São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Premiê conclama sociedade contra o ETA

CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA

em Madri
O duro pronunciamento feito ontem de manhã pelo primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, contra o braço político do ETA (o partido Herri Batasuna) mostrou também a impotência dos consecutivos governos do país em acabar com o terrorismo.
"Infelizmente não posso comparecer ante os senhores e prometer que não vai haver mais dor", disse Aznar. Ele conclamou a sociedade a seguir organizada e lutando para "desarticular todos esses que estão arrebentando, sequestrando e matando".
Aznar se somou à voz de outros políticos e intelectuais que vêem o assassinato de Miguel Angel Blanco como fator determinante para o isolamento do grupo terrorista e de seu braço político, que tem cadeiras no Parlamento basco.
"A partir de agora, ETA e Herri Batasuna (HB) fecharam seus muros ante a sociedade. Eles estão de um lado, e os democratas, de outro. Eles mostraram a cara, tiraram os capuzes, e isso é muito importante", disse Aznar.
Os membros do grupo suprapartidário que discute uma solução para o problema do País Basco também responsabilizaram o HB pelo assassinato, e o Parlamento ameaça não acatar as decisões do partido se este não condenar publicamente a ação do ETA. Até ontem, nenhum membro havia se pronunciado.
Em pouco mais de um ano de poder, o liberal Aznar, que substituiu o socialista Felipe González, já assistiu ao assassinato de 12 cidadãos espanhóis pelos terroristas.
A maioria dos mortos era gente comum como Miguel Angel, algumas delas sem qualquer ligação com política -entre os mortos, figuram inclusive um vendedor de bicicletas e um cabeleireiro.
Mas, se Aznar ainda não pôde acabar com o ETA, tampouco González o fez em 13 anos de governo e com a ajuda de espiões entre os terroristas, ou mesmo o ditador Francisco Franco, que chegou a ver seu ministro da Defesa morrer em um carro-bomba.
Com a morte de Franco, a reinstalação da monarquia e a chegada ao poder dos socialistas, em 1982, parte do grupo decidiu desarticular a facção político-militar do ETA por haver "cumprido seu papel". Alguns não concordaram e seguem matando.
(CM)

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