São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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ONU condena sérvio a 20 anos de prisão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Tribunal Internacional da ONU, instalado em Haia (Holanda), sentenciou a 20 anos de prisão o sérvio-bósnio Dusan Tadic por crimes de guerra praticados durante os conflitos na Bósnia (1992-1995).
A sentença enfureceu os líderes sérvios da Bósnia. Eles temem que se aprofunde a perseguição aos sérvios que foram acusados de crime de guerra pela corte internacional.
Na semana passada, tropas da Otan presentes no país capturaram um suspeito e mataram outro que resistiu à prisão.
A sentença foi criticada pela presidente da República Sérvia da Bósnia, Biljana Plavsic, e por Momcilo Krajisnik, membro da Presidência conjunta da Bósnia.
"A sentença contra Dusan Tadic é um ato horrível", disse Plavsic.
O chefe do Exército sérvio-bósnio, Pero Colic, disse que as forças da Otan não devem mais caçar sérvios acusados de crimes de guerra. "A ação da força de paz foi um ataque contra o povo sérvio", afirmou Colic.
Uma bomba atingiu no domingo um hotel de Zvornik, nordeste do país. No hotel estão hospedados monitores estrangeiros do processo de paz e autoridades da ONU. Não houve feridos, apenas danos materiais -um carro da Otan foi atingido e janelas se quebraram. Teme-se, porém, que haja novos atentados.
Tadic já havia sido julgado culpado no início de maio pelos crimes. Sua condenação foi o primeiro julgamento de um criminoso de guerra a se desenrolar por completo desde os tribunais de Nurembergue e os de Tóquio, estabelecidos após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O croata Drazen Erdemovic já havia sido julgado culpado em novembro último pela corte internacional de Haia, mas ele confessara seus crimes.
Brutalidade
Tadic poderia ter sido condenado à prisão perpétua. Mas ele deve permanecer na prisão por no máximo 20 anos.
Ele foi condenado a penas de prisão por todos os 11 crimes pelos quais foi considerado culpado, num total de 97 anos. O tribunal, no entanto, decidiu que as penas correm simultaneamente, o que, na prática, significa que ele cumpre apenas a pena mais extensa.
A juíza que presidiu a corte, a americana Gabrielle Kirk McDonald, acusou Tadic de atos de brutalidade sádica contra muçulmanos. Centenas de islâmicos foram espancados e torturados, alguns até a morte, nos campos de prisioneiros estabelecidos pelos sérvios durante os conflitos nos Bálcãs.
"A corte colocou-o sob os holofotes. Na verdade, ele é um peixe pequeno", disse Nikola Kostich, advogado de defesa de Tadic.

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