São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Novo acidente não pode ser evitado

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto permanecem as dúvida sobre a explosão no Fokker-100 da TAM, o Ministério da Aeronáutica não pode adotar nenhuma medida para evitar que um novo caso como o do vôo 283 aconteça. Evitar a repetição de acidentes é o principal objetivo das investigações da Aeronáutica.
Para tanto, a comissão da Aeronáutica espera as conclusões dos peritos da PF (Polícia Federal) e do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo e dos engenheiros do IFI (Instituto de Fomento Industrial) de São José dos Campos (SP).
Os peritos do IC de São Paulo e da PF concentram seus trabalhos na hipótese que consideram a mais provável: a de que o rombo na fuselagem do Fokker-100 tenha sido feito pela detonação de um explosivo nitrogenado.
A carga explosiva estava no banco ao lado do empresário Fernando Caldeira de Moura, morto no acidente após ser expelido do avião. Em suas mãos não havia resíduos que apontassem que Moura manuseara explosivos.
Embora tenham certeza da existência de uma explosão no vôo 283, os peritos ainda não sabem o que a detonou, se ela foi espontânea ou se havia uma bomba na aeronave. Por enquanto, os explosivos mais suspeitos são o TNT (Trotil), o RDX, o EPTN e o nitropenta -todos usados no Brasil.
Segundo o professor José Atílio Vanin, do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo), esses produtos dificilmente explodiriam por acidente.
Os peritos encontraram nitrito nas poltronas do avião e nas roupas do empresário. Essa substância pode ser um resíduo da detonação de um explosivo nitrogenado.
Cilindros
Por enquanto, as análises só descartaram a possibilidade de a explosão ter sido causada por pólvora, e o Instituto de Fomento Industrial afastou a hipótese de explosão de um cilindro de oxigênio, pois seu diretor, o coronel-aviador Gilberto Rigobello, disse que todos os cilindros estavam intactos.
Para os peritos do IC, é muito pouco provável que a explosão de uma bateria provocasse os danos ocorridos no Fokker-100.
Além disso, a varredura nos destroços feita com um microscópio eletrônico não identificou substâncias como hidreto de níquel, óxido de níquel e cádmio, presentes na maioria das baterias de aparelhos eletrônicos.
Ainda segundo os chefes das análises no IC, Osvaldo Negrini Neto e Antônio Souza Lima, dificilmente o responsável pela explosão foi um produto químico volátil, como a acetona.

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