São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Sem terra apóiam grevistas na PB

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

A greve da PM da Paraíba recebeu ontem a solidariedade dos trabalhadores rurais sem terra das áreas de acampamento coordenadas pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) da Arquidiocese de João Pessoa.
O coordenador da CPT, frei Anastácio Ribeiro, 52, ofereceu comida aos PMs que estão acampados na praça João Pessoa, em frente ao Palácio da Redenção (sede do governo paraibano), desde anteontem.
Ribeiro disse que pretende levar hoje ou amanhã a João Pessoa "alguns caminhões de trabalhadores rurais sem terra das áreas ocupadas e trabalhadores das áreas de assentamento, para apoiar os PMs grevistas".
Segundo ele, os trabalhadores levarão alimentos como feijão, arroz, milho, batata, inhame, macaxeira, banana e abóbora.
Ontem, a CPT, o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o PT, o PV e o PC do B enviaram cem litros de leite, mil pães e 600 bananas para o café da manhã dos 150 PMs que passaram a noite acampados. "Não é contradição apoiarmos a greve dos PMs. Eles são tão explorados quanto os trabalhadores rurais", disse Ribeiro.
Os PMs voltaram a se concentrar ontem no centro de João Pessoa. Os líderes avaliam que a adesão cresceu para 85% em todo o Estado. O governo diz que apenas 5% dos PMs pararam.
A assessoria de imprensa do governo paraibano informou que a greve dos PMs chegou ao impasse com o acampamento na praça João Pessoa. Segundo a assessoria, o governo só pode oferecer o salário de R$ 250,00.
A proposta foi rejeitada pelos grevistas. A assessoria disse que o governo só conversa se a praça João Pessoa for desocupada.
Soldados do Exército cercam o palácio do governo para evitar invasões.
Pelo menos mil PMs, segundo as lideranças, participaram das manifestações de ontem com "apitaço", fogos de artifício e distribuição de rosas.
Na cidade de Patos (a 300 km de João Pessoa), cem policiais do 3º Batalhão fizeram um ato público no centro. Eles denunciaram que recebem ajuda financeira do comércio. "O comércio é a nossa sorte. São os comerciantes que nos ajudam", disse um soldado que não quis se identificar.
Em Cajazeiras (a 460 km de João Pessoa), cerca de 300 PMs fizeram uma passeata ontem à tarde. Eles percorreram 2 km pelo centro da cidade, gritando palavras de ordem contra o governo estadual. "Polícia na rua, Maranhão a culpa é tua", gritavam os manifestantes, em alusão ao governador José Maranhão (PMDB).

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