São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Balanço social

VLADIMIR RIOLI

É imperativo que as lideranças empresariais despertem para a nova realidade que tem emergido neste último quarto do século 20, moldada sob novas referências, novos conceitos e novos valores, buscando uma nova postura no relacionamento com a comunidade e o ambiente em que atuam.
O reconhecimento da inserção da empresa na sociedade se traduz na aceitação filosófica que a empresa desempenha múltiplos papéis. Estes se aglutinam nas funções de natureza econômica, voltadas para o objetivo de remunerar o capital investido pelos sócios, sustentar o seu fortalecimento, garantindo o poder de competitividade e, por outro lado, de natureza social, voltadas para o atendimento das responsabilidades sociais em seu ambiente de atuação, promovendo o bem-estar via distribuição da riqueza por ela gerada a todos os múltiplos públicos com os quais se relaciona e, ainda, preservando o meio ambiente, base da vida no planeta.
Assim, é de vital importância numa sociedade que reconhece a dimensão social da empresa que sejam criados e consolidados mecanismos que permitam a divulgação não só das suas atividades fins, como também dos seus atos e valores reconhecidos pela sociedade.
A adoção de uma política de transparência desses novos paradigmas e padrões de referência pelas empresas se torna imprescindível, para que a sociedade possa comparar, avaliar e julgar suas ações e procedimentos nos diversos campos de atuação humana.
Os salários, os investimentos na formação profissional dos empregados, os planos de saúde e complementação de aposentadoria pagos pela empresa representam a justa retribuição desta para com aqueles que nela trabalham.
Os impostos pagos ao governo, por sua vez, são a contribuição que reverte para a sociedade como um todo; os investimentos na comunidade em educação, esportes, lazer e cultura são exemplos de preocupação social; a renda paga aos financiadores de capital é a remuneração destinada ao público poupador; os investimentos para proteção ambiental, combate à poluição e reconstrução do meio ambiente por ela ofendido ou destruído são a contrapartida da empresa para com a natureza.
Em síntese, sob qualquer ângulo que se enfoque, constata-se que a empresa atua e influencia os diversos segmentos da sociedade.
Dentro dessa ótica, o balanço social surge como um instrumento de comunicação de responsabilidade empresarial, constituindo um conjunto de informações de natureza econômica, social, laborial e ambiental pelo qual se avalia o desempenho da empresa na comunidade na qual está inserida e com a qual interage.
Transcende, assim, da tradicional avaliação de natureza econômico-financeira, passando a medir o nível de respeito e comprometimento das empresas com seu meio social.
Isento de qualquer caráter fiscalizatório, ou mesmo de divulgação compulsória, o balanço social permite à sociedade premiar as iniciativas empresariais nas diversas áreas de prioridade coletiva.
Nesse sentido, temos de louvar a recente iniciativa de Herbert de Souza, o Betinho, ao lançar o seu projeto de "empresa cidadã", pois, ao reforçar a importância da divulgação do balanço social, propõe ainda o engajamento da comunidade empresarial, juntamente com o Estado, no processo de desenvolvimento social do país.

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