São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Cunhados dizem ter visto sacola solitária

LEANDRO CONTI
DA REDAÇÃO

Dois passageiros do vôo 283 da TAM, João Raimundo Arana, 70, e Samuel Costa, 61, disseram ontem, em entrevista à Folha, que viram duas sacolas de viagem, cheias, desacompanhadas na fileira 17, uma à frente de onde estava sentado o engenheiro Fernando Caldeira de Moura, que foi ejetado do avião.
Arana afirmou que o rombo na aeronave começou com um buraco na fuselagem ao lado do banco em que estava sentado, na fila 20. Samuel Costa, seu cunhado, desmente a existência do buraco.
O aposentado disse que estava olhando pela janela quando teve a mesma sensação de quando um pára-brisa de carro estoura (referindo-se ao impacto da explosão).
"Percebi que um buraco de mais ou menos uma ou duas polegadas foi aberto na fuselagem e demorou alguns minutos para abrir o buraco que ficou", disse Arana.
Ele afirmou que sentiu um vento na altura do umbigo quando o buraco abriu e, por isso, decidiu mudar de lugar. "Não vi o engenheiro Fernando ser ejetado."
Costa, que é médico, disse que não encontrou lugar para seus pertences no bagageiro da parte da frente do avião. Decidiu, então, procurar outro lugar mais ao fundo, que estava vazio.
No caminho, encontrou duas bolsas desacompanhadas sobre dois bancos na fila 17. Preferiu sentar-se três poltronas atrás. "Achei que o lugar estivesse ocupado."
Quando se acomodou, na fileira 20, junto de seu cunhado, notou a entrada de Moura, que se sentou na fileira 18 (apontado como epicentro da explosão), logo atrás de onde estavam as bolsas.
Segundo o médico, Moura entrou apenas com sua maleta executiva na mão. Quando aconteceu a explosão, ele conta que não viu ninguém ser ejetado da aeronave, mas notou uma pessoa caída no chão, pouco à frente do rombo.
"Descobri, quando cheguei a Congonhas, que se tratava do professor Leonardo Teodoro de Castro." Castro foi atropelado em São Paulo no último sábado.
O médico conta que a explosão foi forte, e que um grande buraco foi aberto na fuselagem do avião.
Segundo ele, havia no fundo do avião apenas ele, o cunhado, o engenheiro João Ricardo Arcoverde Morais e o filho e uma comissária.
Após a chegada ao aeroporto de Congonhas, Costa levou seu cunhado para ser atendido no posto médico. Ele tinha dois pequenos ferimentos na testa. Após o atendimento, foram para Curitiba.
Após descer em Curitiba, foram para a cidade de Rebouças (230 km de Curitiba), onde aconteceu o enterro do pai de Costa. Só então Costa descobriu, por meio da TV, que Moura havia morrido. O médico voltou a São Paulo de avião na última sexta-feira.
No aeroporto de Cumbica, Costa procurou o balcão da TAM e falou com o gerente. Ele não se lembra o nome do funcionário.
"Contei a ele sobre a presença das bolsas. Ele anotou meus dados e ficou de me ligar depois." Segundo ele, o contato não foi feito.
Arana ficou em Rebouças e voltou a São Paulo apenas na última segunda-feira, de ônibus.

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