São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Confusão

EDUARDO OHATA

Imagine um país com dez governos diferentes, cada um com leis próprias. Seria uma bagunça e ninguém se entenderia.
Pois é exatamente essa a situação dos fãs do pugilismo.
Com mais de dez entidades controlando o boxe, quem tenta acompanhar o esporte se sente perdido. Os organismos têm limites de peso diferentes para a mesma categoria, alguns programam seus combates para 12 e outros para 15 assaltos, e os mais recentes criaram outras categorias de peso.
Um campeão por categoria tornaria o esporte mais simples. E isso atrairia o público.
Ainda assim, unificações de títulos são raras. É comum as organizações do boxe, temendo que seu poder se dilua, destituírem seus campeões no momento em que estes assinam contratos para unificar os títulos.
Em 1989, Michael Nunn, campeão pela FIB (Federação Internacional de Boxe), e Sumbu Kalambay, dono do cinturão da AMB (Associação Mundial de Boxe), unificariam o título. A luta foi válida apenas pela FIB. Antes do confronto, a AMB cassou o título de Kalambay.
Anos depois, Mike McCallum, detentor do cinturão da AMB (aquele que havia sido retirado de Kalambay), tentou novamente a unificação com James Toney (campeão pela FIB) e também teve o título cassado. Assim como esses, existem dezenas de outros casos de entidades evitando as unificações.
O conflito de egos entre empresários e o medo de sacrificar sua "galinha dos ovos de ouro", são outros fatores que têm dificultado unificações.
Outras vezes, os próprios lutadores são responsáveis por essa situação. "Não quero ser o único campeão, estou satisfeito com meu pedaço do bolo", disse o então campeão dos pesados pela AMB, Bruce Seldon (aquele que, contra Tyson, tremeu de medo e atirou-se ao chão).
Felizmente, este ano haverá unificações. Agora, é rezar para que essa tendência continue.

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