São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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A guerra das TVs

JUCA KFOURI

A Abril está aprendendo uma lição que a Globo conhece há tempos: a assinatura da CBF não vale nada.
Marinheira nova nas negociações para compra de eventos de televisão, a Abril já teve, anos atrás, uma experiência traumática com a Casa Bandida do Futebol.
Então, a CBF vendeu os direitos de imagem dos jogadores das campanhas do tricampeonato para a empresa editar um álbum de figurinhas. Descobriu-se depois, diante das reclamações dos atletas, que tais direitos não pertenciam à entidade.
Vítima de estelionato, em vez do confronto e em nome de negociações futuras, a Abril preferiu acomodar.
Esta, por sinal, é sempre a tática da impune CBF.
Assina contratos dando direitos exclusivos a empresas concorrentes, faz o diabo. Diante do impasse inevitável, o hábito é o de alegar que a única solução é todos sentarem à mesma mesa para achar uma saída.
Não é outra a origem da atual guerra travada entre a Globosat e a TVA.
A CBF vendeu, a preço um pouco menor que o ridículo, os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para a TVA, algo que não poderia ter feito sem a assinatura dos clubes envolvidos, segundo a legislação em vigor.
À época, a TVA era dirigida por um daqueles executivos tão espertos que acabam comidos pela esperteza, incapazes de pensar a prazo longo.
O resultado está aí, com a Justiça dando ganho de causa à Globosat, cujo contrato foi feito com o Clube dos 13 e em termos mais realistas.
Verdade que a nova gestão da TVA não só tratou de fazer contrato semelhante com o Clube dos 11 como, até, se dispôs a melhorar substancialmente os valores do contrato anterior com a CBF.
Mas a Globosat foi quem prevaleceu, no bojo do acordo feito com as TVs abertas.
O que fez a CBF? Lavou as mãos e faz de conta que não tem nada a ver com isso. Como se prejuízo da TVA e de seus assinantes não lhe dissesse respeito.
*
O pior é que, ao que tudo indica, mais uma vez a CBF será poupada.
O anúncio metido a engraçadinho, de página inteira, que a TVA fez publicar nos jornais ficou longe de explicar o que, de fato, aconteceu.
E, ainda, no mesmo anúncio, um gênio escreveu "cracasso". Não é um "fenônemo", como também está escrito?
Ou será um "fracaço"?

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