São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Nova renúncia agrava crise no Peru

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ministro da Defesa do Peru, o general Tomás Castillo Meza, renunciou ontem. A demissão de Castillo agrava ainda mais a crise por que passa o governo do presidente Alberto Fujimori.
Anteontem, Francisco Tudela, então ministro das Relações Exteriores, já havia abandonado seu cargo. Informações não confirmadas anunciavam também a demissão voluntária do ministro da Justiça, Carlos Hermoza Moya.
Os ministros renunciaram por discordar da política do governo Fujimori em relação às liberdades de imprensa e de expressão.
O presidente já nomeou o novo chanceler do país, o diplomata Eduardo Ferrero Costa, e fontes do governo apontavam que o ministro do Interior, o general César Saucedo, deve assumir a pasta da Defesa.
A crise do governo peruano não se limita ao abalo em sua base de sustentação política. Fujimori enfrenta também uma queda significativa em seus índices de popularidade, alimentada por acusações de desmandos e de submissão às autoridades militares.
Uma pesquisa divulgada anteontem revelou que apenas 23% dos moradores de Lima apóiam Fujimori. O índice é o mais baixo dos anos de governo do presidente, que assumiu o cargo em 1990 e se reelegeu cinco anos depois.
Ainda segundo a pesquisa, 53% dos entrevistados acham que o poder no país é exercido pelos militares -Fujimori ampliou o poder das Forças Armadas para intensificar o combate ao terrorismo.
Lealdade militar
Fujimori negou ontem que os militares exerçam o poder de fato no país. "Sou o presidente da República e exerço como nunca antes meu comando civil", afirmou.
As Forças Armadas também reagiram às acusações. "Expressamos enfaticamente nossa subordinação, lealdade e disciplina", disse o chefe das Forças Armadas, o general Nicolás Bari de Hermoza.
A oposição já começa a pedir pela renúncia do presidente. "Permita que os peruanos se livrem de um governo que a grande maioria não aceita", disse o deputado Fernando Olivera, da Frente Independente Moralizadora.
As críticas contra Fujimori se intensificaram depois que o serviço de imigração suspendeu a cidadania peruana de Baruch Ivcher, um israelense dono da rede de TV Frecuencia Latina.
A TV exibiu série de programas denunciando abusos de direitos humanos no país e corrupção nas Forças Armadas. A suspensão da cidadania ocorreu depois que, em programas do último domingo, foi apresentada denúncia de que 197 pessoas -jornalistas, empresários, políticos, diplomatas- eram alvo de escutas telefônicas.
Sem a cidadania peruana, ele terá de deixar a direção da TV -estrangeiros não podem controlar meios de comunicação no Peru.
Ontem, Fujimori negou que os serviços secretos estejam envolvidos na suposta espionagem.

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